Ode ao Futebol
Rectângulo verde
Meio de sombra
Meio de sol
Vinte e dois em cuecas
Jogando futebol
Correndo
Saltando
Ao sim dum apito
Um homem magrito
Também em cuecas
E mais dois carecas
Com uma bandeira
De cá para lá
De lá para cá
Bola ao centro
Bola fora
Fora o árbitro
E a multidão
Lá do peão
Gritava
Berrava
Gesticulava
E a bola coitada
Rolava no verde
Rolava no pé
De cabeça em cabeça
A bola não perde
Um minuto sequer
E zumbindo no ar
Como um bezouro
Toda redonda
Toda bonita
Vestida de couro
O árbitro corre
O árbitro apita
O público grita
Bola nas redes
Laranjadas
Pirolitos
Asneiras
Palavrões
Damas frenéticas
Gordas
Esqueléticas
Esganiçadas aos gritos
Todas á uma
Todos ao um
Ao árbitro roubam o apito
Entra a polícia
Os cavalos a correr
Os senhores a esconder
Uma cabeça aqui
Um pé acolá
Ancas
Coxas
Pernas
Pé
Cabeças no chão
Cabeças de cavalo
Cavalos sem cabeça
Com os pés no ar
Fez-se em montão
A multidão
E uma dama excitada
Que era casada
Com um marido distraído
No meio da bancada
Que estava à cunha
Tirou-lhe um olho
Com a própria unha!
Ânimos ao alto!...
E no fim
Perdeu-se o campeonato!
Tóssan
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