Clarabóia
José Saramago
Capa: Rui
Garrido
Editorial
Caminho, Lisboa, Setembro de 2011.
Nas conversas
que José Saramago manteve com Carlos Reis,
fala de um seu livro que nunca foi publicado e que se seguiu à “Terra do Pecado”:
“Escrevi esse livro que se chama “A Clarabóia” e é um romance.
É a história de um prédio com seis inquilinos sucessivamente envolvidos num
enredo. Acho que o livro não está mal construído. Enfim, é um livro também
ingénuo, mas que, tanto quanto me recordo, tem coisas que já têm que ver com o
meu modo de ser.
O livro foi enviado para um editor, para o “Diário de Notícias”, por lá
ficou quarenta anos, até que um dia recebo uma carta dizendo: “Foi encontrado,
na reorganização dos nossos arquivos, o original do seu livro, etc., etc.” E
então diziam logo: “se quiser publicar, nós publicamos.” Fui lá, à Empresa
Nacional de Publicidade, e saquei o livro que está aí.
Ao contrário
de Terra do Pecado, Saramago não permitiu a sua publicação,
mas não se opôs a que, depois da sua morte, fosse publicado.
“É sempre a mesma história. Para uns, muito; para
outros, pouco: e para outros, nada. Quando é que essa gente aprende a pagar
aquilo de que precisamos para viver?”
No essencial, alguma vez Saramago deixou de pensar de modo diferente?
Pode ler-se em Uma Longa Viagem com José Saramago:
Conhece o ditado “quem não é revolucionário aos 20 anos não tem coração e
quem continua a ser aos 40 não tem cabeça”? Eu continuo a ter um coração e uma
cabeça. Sou aquele que fui até agora. Pode-se ter a mesma ilusão aos 82 anos.
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