Em
miúdo pensava muito, não eram sonhos, porque não me lembro de sonhar, com
barcos, comboios, aviões, moinhos de vento.
Duvido
que coisas destas façam, hoje em dia, pensar um único miúdo.
Durante
muito tempo fui guardando, num caderno, palavras, poemas, fotografias de barcos,
comboios, aviões, moinhos de vento.
Como
este poema de Gastão Cruz publicado no
nº 5, Fevereiro de 1960, dos Cadernos do Meio-Dia, coordenação do
António Ramos Rosa:
Erguem-se os braços
como velas altas
como um comboio que
largasse a linha
e fosse perseguido
alucinado
Sobem os braços nos
outonos verdes
nas primaveras em que a
folha cai
Braços com mar por
dentro
e sol por fora
que nadam na vida
sem redes nem areia
e são pontes de todos
os espaços
Braços ontem
nas tardes de hoje e
noites de amanhã

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