terça-feira, 29 de julho de 2025

DISTO DAQUILO E DAQUELOUTRO


É uma interessante crónica de Luís Filipe Castro Mendes publicada no Diário de Notícias, Já tem algumas semanas mas entendeu-se que a deveríamos reproduzir nesta secção aberta a tudo e mais alguma coisa.

«Vivemos um tempo em que os partidos social democratas começaram a ter vergonha de se dizer socialistas, porque “a palavra S” evoca nacionalizações, mais impostos para os ricos e estratégia económica reguladora do Estado, o que vai contra a “doxa” económica neo-liberal vigente, que visa remeter o Estado às estritas funções de soberania, beneficiar fiscalmente os mais ricos e anular qualquer influência estatal nos domínios económico e social. Em contrapartida, a extrema-direita perdeu qualquer resquício de vergonha e advoga o racismo, a xenofobia, o conservadorismo moral e o autoritarismo político, através da abolição da Constituição que nos rege. Qual seria a reação da nossa imprensa, dominada pelos ideais da economia liberal, se, algum iluminado de extrema-esquerda viesse propor uma Quarta República?

As universidades financiadas por empréstimos bancários aos estudantes, que passarão os primeiros tempos da sua vida profissional a trabalhar para os bancos, a saúde entregue aos privados, com seguros exorbitantes a cobrir dificilmente os elevados custos dos tratamentos mais inovadores, a educação para a desigualdade e não para a cidadania, esta é a face oculta do paraíso liberal, tão hipócrita e injusto como foi o paraíso comunista.

Face a esta hegemonia cultural da direita, no que toca às áreas económica e social, o socialismo democrático retrai-se, abriga-se num vago “socialismo liberal”, que não seria mais do que um liberalismo de rosto humano, uma economia desregulada com algum assistencialismo público associado.

Quem me lê dirá que estou a forçar as tintas, a caricaturar e a desvirtuar os objetivos liberais. Eu penso do neo-liberalismo que ele constitui uma ideologia extremista a partir dos princípios do liberalismo clássico, como o marxismo-leninismo (que eu, como social democrata que sou, distingo do marxismo), e que é expressão dos interesses de um capital financeiro que veio exercer a sua dominação nociva sobre a economia real. Houve antes um liberalismo social, aquele que integrou no pós guerra a economia social de mercado e que durou até ao dia em que Margaret Thatcher descobriu que não havia sociedade, só mercado.

Esse liberalismo extremista, próximo do anarco-capitalismo, encontra-se por toda a extrema-direita mundial, salvo quando o líder da extrema-direita (por exemplo Trump) descobre que esse neo-liberalismo vai limitar a sua autoridade absoluta e prolongar a abertura ao mundo que a globalização trouxe, impedindo políticas nacionalistas extremas: volta então (sempre Trump) ao conservadorismo autoritário tradicional das extremas-direitas, rompendo com Musk, o tecno-feudalista que desfaz os Estados com um serrote .

Não durou muito o idílio entre os multimilionários das tecnologias da informação e o presidente Trump. Mas olhemos para a Europa: a extrema-direita cresce por todos os Estados e interrogamo-nos até quando a direita que se reclama da Democracia irá fazer barreira a essa torrente e manter o seu lema “não é não”. A esquerda, obviamente, deve assumir como sua missão o combate, sem reservas nem meias palavras, àqueles que querem o suicídio do regime democrático. O que pode implicar da sua parte alianças e compromissos com a direita democrática, mas nunca o esquecimento da sua identidade e da sua diferença.»

Luís Filipe Castro Mendes no Diário de Notícias

1.

Alterações no programa da disciplina de Cidadania confirmam “pendor retrógrado” do Governo, acusa a Fenprof.

2.

Dez mil milhões de euros para reconstruir a Ucrânia., conclusão da Conferência de Recuperação da Ucrânia, para planear o pós-guerra, realizada em Roma.


3.

A Infraestruturas de Portugal perdeu 995 milhões de euros de fundos europeus para o projecto de linhas ferroviárias de alta velocidade.

4.

Portugal é o país que mais depende de fundos europeus e por cada dez euros gastos pelo sector público, nove são suportados por verbas de Bruxelas. 

5.

A Comissão Europeia corta verbas para agricultura em 22%.

6

«Era um miúdo, estava a correr para ir para casa, que era relativamente perto, passou um carro da polícia e abordaram-me. A primeira coisa que disseram foi: 'Então, preto, o que é que já roubaste?»

Rapper Harold

7.

Dados da OCDE mostram que sem imigrantes, a população activa em Portugal diminuiria e aquela organização defende que é preciso continuar a atrair estrangeiros, sobretudo para áreas menos qualificadas.

8.

 Roman Arkadyevich Abramovich ocupa o 311.º lugar na lista de bilionários da Forbes. Nascido na Rússia, em 2018 tornou-se israelita, encontrou ascendência sefardita da comunidade judaica de Hamburgo e, em 2021, conseguiu ser português também. O seu nome está associado a diversos crimes, mas a direita nunca se incomodou.

 10.

A proibição de voos nocturnos entre a uma e as cinco da madrugada, anunciada há sete meses, ainda não se concretizou e o Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, desculpa-se dizendo que a medida “ demora um tempo a ser implementada”.

11

Em Maio havia 1.644.807 utentes sem médico de família, mais 42.230 que no mesmo mês de 2024.

12

Portugal continua a atrair cada vez mais milionários estrangeiros e deverá somar mais 1400 «indivíduos com património elevado» este ano, indica o mais recente relatório da consultora britânica Henley & Partners.

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