quarta-feira, 23 de julho de 2025

NOME COMUM: JARDIN-DOS-POETAS

 Percorria ao anoitecer os jardins 

da cidade à procura das flores

oficiais – sobem amparadas 

e perfumam com a memória 

do chá as ruas irregulares. 

Levava uma tesoura de unhas,

insuficiente e desnecessária porque

não colhia nada que fosse vivo.

Restavam-me frases livres,

páginas dobradas, cadeiras desiguais

e os pratos vazios deixados

aos gatos.

 

O primeiro poema encontrei-o 

numa dessas buscas

debaixo da árvore maior,

no ferro que sustenta a copa,

preso com uma mola da roupa.

Margarida Ferra

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