Consequência do 25 de Novembro de 1975, José Saramago foi despedido do “Diário de Notícias”.
No último dos seus “Apontamentos”, saído na edição de 25 de Novembro, podia ler-se:
“O mais cómodo, seria nada escrever. O mais prudente, seria deixar passar a onda que varre o País, este deflagrar das contradições que minam as Forças Armadas, incapazes de, unitariamente, aceitarem o socialismo ou porem-se de acordo sobre um projecto político socialista. Mas este jornal, que sem ambiguidades nem hesitações se pôs ao lado das classes trabalhadores, não foge à sua responsabilidade. (…)
Houve vítimas. Haverá prisões e, provavelmente, condenações. Fica por saber, depois do que aconteceu, o destino disto que se dizia ser o socialismo português. É essa resposta que se exige: em nome de todas as promessas e garantias com que o povo foi contemplado durante ano e meio… Quem pode responder?”
Em princípio, é difícil imaginar que o despedimento de um trabalhador tenha aspectos positivos. O de José Saramago prova o contrário: ter perdido o emprego no “Diário de Notícias” foi a sorte de José Saramago, foi a sorte da literatura portuguesa, a nossa sorte.
Como, em conversa, muito acertadamente, lhe disse o jornalista Adelino Gomes:
“Ganhámos um escritor, não sei se tínhamos ganho um jornalista comunista interessante…
Legenda: Desenho de André Carrilho, 2008.
Faz parte de um conjunto de postais comprado, em Julho de 2008, aquando da Exposição "José Saramago: A Consistência dos Sonhos", que esteve patente no Palácio da Ajuda.
Faz parte de um conjunto de postais comprado, em Julho de 2008, aquando da Exposição "José Saramago: A Consistência dos Sonhos", que esteve patente no Palácio da Ajuda.
Sem comentários:
Enviar um comentário