O coreógrafo francês Maurice Béjart, em Junho de 1968, esteve em Lisboa para uma série de espectáculos.
No final do espectáculo do dia 6, Béjart aparece para agradecer os aplausos e anunciar o assassínio de Robert Kennedy: “Foi vítima da violência e do fascismo. Como todos os que estão aqui esta noite, somos contra as ditaduras peço um minuto de silêncio”.
No dia seguinte a PIDE colocou Maurice Béjart na fronteira e a Fundação Calouste Gulbenkian teve de cancelar os outros espectáculos previstos. Estalou então a maior crise entre o regime e a Fundação.
Desta forma, e sem nomear Béjart uma única vez, o SNI, Secretariado Nacional da Informação fez difundir para os jornais a seguinte nota:
“Durante o espectáculo de uma companhia estrangeira, realizado em Lisboa na noite de 6 do corrente, foram dirigidos à juventude exortações derrotistas e tomadas atitudes de 4speculação política inteiramente estranhas ao próprio espectáculo.
Perante a luta que temos de manter em defesa da integridade nacional, não pode consentir-se que uma companhia estrangeira aproveite, abusivamente um palco português para contrariar objectivos nacionais.
AS autoridades foram, assim, forçadas a impedir a permanência em território português do súbdito estrangeiro responsável por aquele espectáculo.”
Maurice Béjart morreu em 22 de Novembro de 2007. Tinha 80 anos.
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