sexta-feira, 30 de maio de 2025

ERVA ESPEZINHADA...

 erva espezinhada poeira de sal nas unhas

dedos cansados de escutar o envelhecido latejar das pedras
olhar vago rasando o mar… azulino pássaro
no vagar do vento vem abrigar-se no meu peito
 
e o sol queima por dentro a boca e os cabelos
escolho um nome… ofereço-to
enquanto esboço percursos na ilusão de te reencontrar
mas deparo com estas dunas tristes… aridez contínua
ao longe
figueiras bravas debruçam-se para os corpos
protegendo-os do calor… onde terminará a visão?
 
teço nos lábios a líquida alegria dum fabuloso peixe
ouço o marulhar das estrelas… lembras-te?
ao anoitecer
 
     (resumo do dia:
                    chuviscos
                    breves dálias colhidas nos valados
                    passos hesitantes pelas águas
                    lenta fuga dos corpos
                    sombras ternas na folhagem das figueiras)
 
estendidos na erva para

 
 
Al Berto

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