Não há tempo de morangos que não lembre o episódio.
O
sabermos sempre que as mãos não bastam para um tempo de morangos, mãos entre
sorrisos, entre palavras.
Durante
quase dois anos ajudei uns amigos que tinham um restaurante que agarraram
quando a empresa em que trabalhavam foi à falência. Trabalho árduo. Eu fazia as
compras, dava outros pequenos apoios.
Para
as compras ia à loja de um chinês na Avenida Almirante Reis, mesmo em frente do
Banco de Portugal, a dois passos de um super Auchan.
Uma
manhã, dei para armar em chico esperto:
- Ouve lá, tu vendes-me
os morangos mais caros que ali o Auchan…
O
chinês parou de arrumar as frutas, olhou-me serenamente, tudo embrulhado num
sorriso milenar, celestial mesmo, e disse:
-Pode ser que sim!...
Mas eu escolho-te os morangos… Tu compras uma caixa no Auchan e metade estão
podres ou a caminho disso…
Olhei
o chinês, sem ponta de celestial, com uma vontade maluca de me enfiar chão
abaixo. Cumprimentei-o, acabámos a gargalhar, com um então até amanhã.

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