sábado, 24 de maio de 2025

TEMPO DE MORANGOS


Não há tempo de morangos que não lembre o episódio.

O sabermos sempre que as mãos não bastam para um tempo de morangos, mãos entre sorrisos, entre palavras.

Durante quase dois anos ajudei uns amigos que tinham um restaurante que agarraram quando a empresa em que trabalhavam foi à falência. Trabalho árduo. Eu fazia as compras, dava outros pequenos apoios.

Para as compras ia à loja de um chinês na Avenida Almirante Reis, mesmo em frente do Banco de Portugal, a dois passos de um super Auchan.

Uma manhã, dei para armar em chico esperto:

- Ouve lá, tu vendes-me os morangos mais caros que ali o Auchan…

O chinês parou de arrumar as frutas, olhou-me serenamente, tudo embrulhado num sorriso milenar, celestial mesmo, e disse:

-Pode ser que sim!... Mas eu escolho-te os morangos… Tu compras uma caixa no Auchan e metade estão podres ou a caminho disso…

Olhei o chinês, sem ponta de celestial, com uma vontade maluca de me enfiar chão abaixo. Cumprimentei-o, acabámos a gargalhar, com um então até amanhã.

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