Neste dia, há
quarenta e quatro anos, aconteceu aquilo que uns entendem como um ensaio geral
do 25 de Abril, outros que foi um passo em falso que poderia deitar tudo a
perder.
Mas a ditadura estava
a desfazer-se e, mesmo qualquer passo em falso que acontecesse, não impediria a sua
queda.
Na etiqueta «16 de Março» deste Cais, podem consultar algum material sobre o antes e o depois
deste dia do ano de 1974.
«Uma companhia de 200 militares, metade são oficiais e sargentos, outra metade são praças, sai do Regimento de Infantaria nº 5 em direcção a Lisboa, sob o comando do capitão Marques Ramos e do tenente Silva Carvalho, com a missão de ocupar o aeroporto da Portela. Informada de que falhou a adesão de outras unidades, regressa ao quartel que posteriormente é cercado por forças leais ao regime e rendem-se ao brigadeiro Pedro Serrano.
Só no dia seguinte,
a censura permitirá que os jornais se refiram ao acontecimento.
Passados 40 anos
sobre aquele sábado, ainda não é possível reunir elementos que permitam, com
clareza, determinar o que foi este acontecimento da nossa recente História.
Há quem defenda que
terá sido um golpe que serviu de ensaio ao 25 de Abril.
Vasco Lourenço, em
Março de 1994 esclarecia:
Se o 16 de Março tem vingado, não havia Programa do
MFA.
Oficiais
sublevados, não identificados, em declarações ao Correio da Manhã de 4 de Abril de 1979:
Se o golpe de 16 de Março de 1974 não tivesse
fracassado, a situação portuguesa seria hoje muito menos sombria. Se a sua
marcha sobre Lisboa tivesse sido coroada de êxito, o Poder central diferia
substancialmente da que foi consignada pelo 25 de Abril. A descolonização dos
territórios africanos teria sido inspirada por directizes muito diversas. Não
teríamos traído as expectativas das colónias nem permitido os acontecimentos
sangrentos que vieram a verificar-se e ainda se verificam.
Marcelo Caetano,
na Conversa em Família, transmitida
em 28 de Março de 1974, dirá que afinal, tudo não passou de uma insignificante irreflecção, ou talvez
ingenuidade de alguns oficiais.
Contudo, no
seu Depoimento, Marcelo Caetano
dirá sobre o 16 de Março:
O episódio das Caldas não devia ser subestimado,
porque decerto os oficiais que o provocaram contavam com apoio que a pronta
reação do governo ou o facto de ter havido precipitação na revolta não tinham
permitido actuar. Esses apoios não desarmariam, procurariam fazer a “revolução
do remorso” para salvarem os camaradas que não podiam deixar de ser processados
e naturalmente punidos por insubordinação.
A revolução que veio efectivamente de surpresa, e
conduzida dessa vez com toda a eficiência, em 25 de Abril.
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