Poemas
Léopold Senghor
Tradução: Luiza Neto
Jorge
Capa: Manuel Dias
Colecção Licorne nº 5
Arcádia Editora,
Lisboa, Fevereiro de 1977
Máscara Negra
a Pablo Picasso
Dorme e repousa na candura da areia
Koumba Tam dorme. Uma palma verde vela-lhe o febril cabelo,
Koumba Tam dorme. Uma palma verde vela-lhe o febril cabelo,
cobre-lhe a curva fronte
As pálpebras fechadas, dupla taça, fontes seladas.
Esse delgado crescente, esse lábio ao de leve mais negro e
As pálpebras fechadas, dupla taça, fontes seladas.
Esse delgado crescente, esse lábio ao de leve mais negro e
mais pesado – onde está
o sorriso da mulher cúmplice?
A patena da face, o desenho do queixo cantam o seu mudo acorde.
Rosto de máscara fechado ao efémero, sem olhos sem matéria
Cabeça de bronze perfeita e sua pátina de tempo
Que nem tintas nem pinturas nem rugas sujam, , nem marcas
de lágrimas nem de
beijos
O rosto tal como Deus te criou antes da própria memória dos tempos
Rosto da alvorada do mundo, como meiga garganta não te
O rosto tal como Deus te criou antes da própria memória dos tempos
Rosto da alvorada do mundo, como meiga garganta não te
abras para comoveres
minha carne.
Adoro-te, ó Beleza, com meu olhar monocórdico!
Adoro-te, ó Beleza, com meu olhar monocórdico!
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