Dos meus contemporâneos na Escola do Exército, a maior parte não
deixará rasto. Mais ou menos carreiristas; mais ou menos acomodados; mãos ou
menos, tendo como máximo objectivo na vida, desde os 20 anos, a reforma por
inteiro. Alguns ocuparam altos cargos nos governos fascistas, nos governos
coloniais, na Legião, na Mocidade, na Censura. Não merecem identificação:
nenhum deles se distinguiu por um só acto redimidor de grandeza moral, sequer
de carácter. Aí estão, na «generosa» democracia burguesa, comendo por inteiro a
sua reforma, mais as inconfessadas alcavalas, à custa do suor da classe
trabalhadora que tanto odeiam.
Uns tantos chegaram a generais. Quase todos eles, fascistas confessos
do antigamente, hoje solertes democratas. Fascistas amanhã, de novo, se for
caso para isso, quem o duvida? O actual chefe do Estado-Maior do Exército,
Pedro Cardoso, e o vice-chefe, Duarte Silva, foram meus contemporâneos na
Escola do Exército, o segundo desde os bancos do Colégio Militar. Falsos
democratas, ardendo em ódio contra o «25 de Abril» e tudo o que essa data
significa para a classe trabalhadora, empenham-se agora em sanear e perseguir
camaradas utilizando artimanhas estatutárias, que Salazar e Santos Costa teriam
vergonha em subescrever. E falam esses cavalheiros em camaradagem, ética,
honra!
Varela Gomes em Tempo de Resistência
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