terça-feira, 6 de março de 2018

RELACIONADOS


Dos meus contemporâneos na Escola do Exército, a maior parte não deixará rasto. Mais ou menos carreiristas; mais ou menos acomodados; mãos ou menos, tendo como máximo objectivo na vida, desde os 20 anos, a reforma por inteiro. Alguns ocuparam altos cargos nos governos fascistas, nos governos coloniais, na Legião, na Mocidade, na Censura. Não merecem identificação: nenhum deles se distinguiu por um só acto redimidor de grandeza moral, sequer de carácter. Aí estão, na «generosa» democracia burguesa, comendo por inteiro a sua reforma, mais as inconfessadas alcavalas, à custa do suor da classe trabalhadora que tanto odeiam.
Uns tantos chegaram a generais. Quase todos eles, fascistas confessos do antigamente, hoje solertes democratas. Fascistas amanhã, de novo, se for caso para isso, quem o duvida? O actual chefe do Estado-Maior do Exército, Pedro Cardoso, e o vice-chefe, Duarte Silva, foram meus contemporâneos na Escola do Exército, o segundo desde os bancos do Colégio Militar. Falsos democratas, ardendo em ódio contra o «25 de Abril» e tudo o que essa data significa para a classe trabalhadora, empenham-se agora em sanear e perseguir camaradas utilizando artimanhas estatutárias, que Salazar e Santos Costa teriam vergonha em subescrever. E falam esses cavalheiros em camaradagem, ética, honra!

Varela Gomes em Tempo de Resistência


Sem comentários: