Sozinho, sempre
sozinho,
mesmo quando vou a teu
lado.
De ti que constróis o
rumor das cidades
e no campo, semeias,
lavras,
e pisas
o sabor do vinho.
Sozinho, sempre
sozinho.
aqui vou a teu
aldo
eu, o poeta, operário
de palavras
- as palavras «sonho?,
«bandeira*, «esperança», «liberdade» -
instrumentos de pureza
irreal
que tornam a Realidade
ainda mais real
e transformam os
bairros de lata
em futuras cidades de
cristal
num planeta de
paisagens de prata
onde as bocas das
flores, das manhãs, dos vulcões,
da brancura do linho
e das foices de gume
doirado
cantarão um dia
connosco a Internacional
- que eu continuarei a
cantar sozinho,
sempre sozinho,
a teu lado.
José Gomes Ferreira em O Diário, s/d
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