“Por quem sempre combateu
a despeito dos maus anos:
Por quem sempre combateu
é que nós hoje cantamos.
Por quem sempre resistiu
com coragem na prisão.
Dessa voz que não traiu
é que se faz a canção.
Porque a canção não faz mais
que empunhar o grito alheio,
que contar como tu cais
quando te acertam em cheio.
É dessa voz que não cede
que se fazem os poemas.
O resto é perder tempo
tricotando estratagemas.
Por quem constrói o futuro
queima e abre um tronco oco,
a canção é um sussurro.
Cantar só é muito pouco.
Num país em movimento
que liquida o seu passado
convém termos bem presente
o que é feito e o que é cantado.
Por quem luta contra a guerra
e deita fora as mentiras.”
Poema de Manuel Correia incluído no álbum “Por Quem Sempre Combateu”, o primeiro disco de José Manuel Osório gravado depois do 25 de Abril (Junho 1975).
“Não é o fado que deve ser posto em causa mas sim o que dele fizeram”, escreve José Manuel Osório na contra capa do disco.
Legenda: ilustração de Rogério Ribeiro para o livro de Manuel Tiago “Até Amanhã Camaradas”
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