“La Cumbre fica mesmo no topo da montanha, junto a um vasto conjunto de antenas. Aos nossos pés estendia-se um mar de nuvens brancas e, do outro lado do monte, uma lagoa azul gelada. Apesar do sol brilhar no horizonte, o frio da manhã cortava a pele…
Umas macacadas para a fotografia e para não deixar o corpo congelar, as últimas afinações nas bikes, assentos baixados e atiramo-nos do cimo da montanha. O Nino, com bikes sem suspensão e eu, com uma inoperante suspensão dianteira – recordo que a comprei em segunda mão em Los Angeles… - seguiríamos pelo trilho mais marcado e comum. O Erick e o Calvin, de suspensão integral e bikes de downhill, brincariam a seu belo prazer. O Erick malhou nem duzentos metros após a partida, o que lhe refreou um bocado o entusiasmo e o exibicionismo. Mas foi apenas um incidente de percurso… na verdade era um excelente BTTista, um guia muito atento e simpático. Não seriam muitos a preocupar-se com dois penduras (eu e o Nino), quando o seu ganha-pão é fazer aquele percurso com turistas que lhe paguem. Certo é que não notei qualquer tipo de discriminação, má vontade ou antipatia da parte dele, pelo contrário…
A estrada da morte foi fechada ao trânsito regular há uns cinco anos e a sua designação provém da quantidade de “desaparecimentos” anuais – dizem as estatísticas que 25 em média. E a designação é mesmo “desaparecimentos” pois, frequentemente, quando havia (há) acidentes, pessoas e carros pura e simplesmente “desapareciam” na profundeza das ravinas…não ficando ninguém para contar a estória, identificar o local e possibilitar sequer o resgate dos corpos.”
“Animada partida para a estrada da morte, em La Cumbre.”
Texto e imagens de Idílio Freire
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