quarta-feira, 20 de julho de 2011

À CONVERSA...


Perguntaram-lhe:

Hoje diz que não se envolve em manifestações nem acredita em grandes causas.

Respondeu;

Não gosto de me manifestar. Fi-lo nos anos do Vietname, mas prefiro escrever sobre isso a marchar. Mas marcho. Se for preciso marcho. A única causa pela qual a literatura deve lutar é a própria causa da literatura. E essa é uma batalha perdida parece. Daqui a uns anos duvido que a literatura continue a ser algo importante. Ler livros será um gesto, e uma escolha de uma minoria. A literatura não pode competir com nada. Nem com o cinema, nem com a televisão, e muito menos com a inrernet. Precisa de tempo. E ou o leitor se compromete com o que está a ler, da mesma forma que o escritor se compromete com o livro, ou não acredito que se possa sequer ler.. Ler é um exercício de atenção. Tal como escrever. Pelo envolvimento que exige, escrever não deixa espaço para mais nada. Eu sou, resumidamente, alguém que passa o dia a escrever.

Philip Roth, entrevista ao “Público”

Sem comentários: