Em Outubro de 1989, sabia-se que “Memorial do Convento” iria inspirar uma ópera.
O maestro italiano Azio Cargui fizera a sugestão a José Saramago e, ao fim de longas e demoradas insistências acabou por convencer o escritor.
“Não tenho consentido na adaptação do romance ao cinema, ou à televisão, mas com esta ópera é diferente, pois inspira-se só em quatro ou cinco elementos dramáticos.”
Azio Corghi levou dois anos e meio a escrever o libreto e contou com a compreensão do autor para algumas das adaptações. A encenação foi entregue a Gerôme Savary.
No dia 20 de Maio de 1990, “Blinunda”, estreava-se no Teatro Lírico La Sacla, em Milão.
Em Abril de 1991 sabia-se que “Blimunda” seria levada à cena, no Teatro S. Carlos, nos dias 15, 17 e 19 de Maio.
O primeiro dos dias de representação foi reservado para o patrocinador do espectáculo, a Cimpor, mas não se realizou devido à greve dos músicos da Orquestra do Teatro.
A administração do teatro pretendia a extinção da orquestra e a sua transferência para a “Régie Cooperativa”, proposta que os músicos decidiram rejeitar e transferiam para o Governo a resolução do problema, declarando a administração do Teatro incapaz de resolver os seus problemas.
Os anúncios, aqui publicados, reflectem o que então se passou.
Rui Vieira Nery em “O Independente”:
“Não querendo discutir neste momento os detalhes de um conflito em que – repito-o – os músicos têm fundamentalmente razão (já que, como várias vezes aqui tenho escrito, não será possível promover uma efectiva promoção da prestação artística da orquestra sem uma política salarial substancialmente mais estimulante), permito-me, contudo, questionar a oportunidade desta medida extrema. É que depois de o patrocinador de toda a produção, a Cimpor, ver assim cancelada a sua contrapartida principal para um investimento de vinte e tal mil contos, o São Carlos terá agora a maior dificuldade em encontrar pelos tempos mais próximos outros sponsors que se disponham a correr os mesmos riscos. Não me parece que a causa da orquestra tenha beneficiado particularmente com esta tomada de posição, nem em termos de imagem pública nem muito menos no plano das dificuldades financeiras crescentes de um Teatro cuja próxima continuidade pode a qualquer momento voltar a ser posta em causa."
“Blimunda” teria a sua estreia no dia 17 de Maio de 1991.
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