domingo, 31 de julho de 2011

GENTE PEQUENA


Sou de um tempo em que o jornalismo era uma profissão respeitável, ler um jornal não era dar o tempo por perdido, era um gesto importante. Também não  existiam on-lines e havia a necessidade de olhar o que se passava no país e no mundo, mesmo sabendo que o lápis azul da censura, frequentara as pilhas de jornais que se amontoavam, ainda não havia quiosques, no ardina da esquina.

Existiam também as entrelinhas que, magistralmente, alguns jornalistas sabiam utilizar, assim fintando  os-incultos-quase-analfabetos-coroneis-da-censura.

Recordo, não com jornais, mas uma história da rádio, contada por Luis Flipe Costa:

Em 17 de Maio de 1967, Palma Inácio realizou o assalto ao Banco de Portugal da Figueira da Foz, o que seria o primeiro acto político da LUAR. Obviamente a notícia foi proibida pela censura, mas sabia-se, por portas travessas, o que tinha acontecido, e no noticiário da uma da manhã do Rádio Clube Português, o jornalista aproveitou a leitura do boletim meteorológico para concluir a sua apresentação:

"Felizmente, há luar".

Os jornais de hoje, na sua esmagadora maioria, são um lamaçal e o dinheiro que gastaria na sua compra, vão para outras fins.
Em termos de papel impresso, vou navegando com os jornais que os vizinhos, os amigos, me vão guardando, o que pressupõe lê-los com relativos atrasos.

Deu-se o caso que, lendo a revista do “Expresso” do dia 10 de Junho, passei os olhos pelo sublinhado amarelo da “Pluma Caprichosa” de Clara Ferreira Alves, pouca simpatia pela senhora, diga-se, onde a jornalista aborda a derrota do PS, nas últimas eleições, e aproveita para colocar António Vitorino, no reino profundo dos videirinhos e oportunistas.

O personagem é um sujeito convencido, ninguém sabe muito bem de quê, que tem vivido à sombra do Partido Socialista, da sua governação,  mas quando o partido dele necessita, assobia para o lado e declara que “não há festa nem festança onde não apareça a dona Constança.

Assim, escreveu Clara:

 “Ouvir António Vitorino dizer, na noite da derrota histórica do socialismo, que podia ter sido líder e só não foi porque não quis, diz tudo sobre António Vitorino e o socialismo que permitiu que egos destes florescessem dentro dele como fungos.”

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