O sagrado Titicaca continua fascinante, nas suas águas intensamente azuis, circundado pela enorme cadeia de picos nevados, na margem boliviana, e a planície suave, do lado peruano. Do cimo da pequena elevação que antecede Puno, o lago não tem fim, perdendo-se no céu azul, tão tranquilos um quanto o outro…
Puno lá está de pés mergulhados no lago e o resto do corpo abraçando os turistas. Passeios no lago, visitas à ilha Taquille e às ilhas flutuantes dos Uros, constituem o menu de todas as agências e hotéis. Continuo a dar-me por satisfeito com as memórias anteriores mas, apesar do excessivo cariz turístico das ilhas flutuantes e dos seus “barcos” de junco, é uma experiência única, caminhar sobre um “nenúfar” com escassos metros de diâmetro, sentir o “chão” de junco flutuar sob os pés e, se nos aproximamos da beira, sentir o calafrio do pé afundar-se na água… Mas acima de tudo é impressionante o processo “natural” de formação das pequenas ilhotas, exclusivamente de junco…
Basta deixar Puno e desaparece de imediato a vertente turística do lago, regressando a vida real peruana, com os escassos habitantes da orla do lago a cortarem e secarem junco, pescarem artesanalmente, esgaravatarem a subsistência nos campos de batatas, cereais e na escassa pastorícia.
Há duas fronteiras próximas com a Bolívia: Desaguadero ou Yunguyo, que cruza o lago. Apesar de minha conhecida, é por esta que me despeço do Peru e entro na Bolívia… apetece-me pedalar sobre o azul do lago, sob o azul do céu, apontando ao branco dos distantes nevados.
Texto e imagens de Idílio Freire
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