quinta-feira, 14 de julho de 2011

JANELA DO DIA


1.

Posso não ter compreendido bem, mas Passos Coelho terá dito, na Assembleia da República, que o imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal era um esforço que iria ser pago por todos os portugueses.
Hoje, pela manhã, soube-se que Pedro Passos Coelho assumiu por completo a responsabilidade de isentar deste imposto todos os rendimentos de capital.

2. Daniel Oliveira no “Arrastão”:

“Em reunião do Conselho Nacional do PSD, Pedro Passos Coelho disse que há um "desvio colossal" nas contas públicas. Disse que não se queixaria da herança mas, pelo sim pelo não, um conselheiro fez passar para os jornais a queixa da "herança".

Começa assim o segundo episódio de uma novela que se repete sempre. Durão prometia em campanha não aumentar impostos, chegou ao governo, descobriu que o País estava de tanga e aumentaram-se os impostos. Sócrates prometeu em campanha que não aumentava os impostos, chegou ao governo, descobriu que o défice era maior do que se julgava e aumentou os impostos. Passos disse que não aumentava os impostos, chegou ao governo, descobriu que um "desvio colossal" e aumentou os impostos. Em todos os casos os futuros governantes deixaram claro na campanha eleitoral que não acreditavam nos números oficiais. Em todos os casos fingiram logo de seguida que tinham sido surpreendidos pelos números verdadeiros. Em todos os casos deram o dito por não dito.”

3.

André Macedo no “Diário de Notícias” de hoje:

“Já vem aí um imposto no Natal, mais mil milhões de cortes na despesa e, diz o Banco de Portugal, margem para corrigir eventuais problemas no orçamento. Mas se é mesmo assim - e se a troika aprovou as contas -, porque dizer, como disse Passos anteontem, que herdou "um desvio colossal" nas contas do Estado? Colossal é um adjectivo que ocupa espaço, fica a matar nos relatórios da Moody's (justifica a palavra lixo) e, no futebol, também serve para descrever um erro que resulta em autogolo. Como diria o ex-jogador João Pinto: "O clube estava à beira do precipício, mas tomou a decisão certa: deu um passo em frente." Que colossal sentido de oportunidade.”

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