“No fim de uma suave descida, uma curva abrigada da estrada, onde escorre um cristalino riacho de água gelada, parece ser o local ideal para almoçar. Pela primeira vez desde Inuvik, o almoço implicou utilizar o fogão, caçarola, pratos e talheres e cozinhar, pois a “única” coisa que tínhamos para comer era esparguete.
O frio, a altitude, o estômago vazio, nada são no coração da montanha.”
“Após da subida a Corona del Índio, onde “captei” um diálogo fascinante em quechua entre dois simpáticos idosos, “o meu pau é maior que o teu!!”,iniciou-se a descida interminável para Huánuco, culminando com uma trovoada que inundou a estrada de lés-a-lés. Mas mal terminou o dilúvio, o sol quente assentou sobre o vale cavado, substituindo as gotas de chuva por gotas salgadas de suor. A cidade surgia incrustada no sopé de mais um imponente cerro, estendendo-se para sul pelo vale do pequeno rio.”
“Sabe bem deslizar pelo suave altiplano, dar um pouco de repouso às pernas, aliviar a tensão e o esforço das subidas e mesmo a adrenalina das descidas, perder o olhar na tranquilidade do infinito.
O lago Junín estende-se por esse silêncio que emana da planície. De águas paradas, espelhadas, geladas, paraíso de milhares de aves, labirinto desenhado pelos juncos, fenos ou familiares, ainda acolhe pequenos rebanhos de ovelhas e alpacas. Distante, erguido aos céus, o obelisco comemorativo da batalha de Junín que, com a travada a norte de Ayacucho, foi decisiva na independência da América do Sul e na derrota de do império espanhol.”
Texto e imagens de Idílio Freire
Sem comentários:
Enviar um comentário