terça-feira, 19 de julho de 2011

IDÍLIO EM BICICLETA








“Se na anterior visita a Cuzco percorri o mítico caminho Inca a pé, nos seus três dias e quatro noites, desde Urubamba à Porta do Sol, desta vez segui a rota mais rápida, de “colectivo” até Ollantaytambo e comboio turístico até Águas Calientes. E também por aqui salta à vista a enorme mudança que a zona sofreu numa década: agora é estritamente proibido qualquer turista circular no comboio “normal”, tendo obrigatoriamente de recorrer ao caro comboio turístico…
Mas Machu Pichu continua a ser um local arrebatador pela imponência e dimensão, impressionante pela singularidade da construção, mas acima de tudo, místico pela impar localização, especialmente se atingido pela Porta do Sol, ao fim de três dias de “peregrinação”, por paisagens tão arrebatadoras quanto secretas, inacessíveis, duras, diversificadas. E a pergunta surge naturalmente: porquê? Porquê construir tal santuário, tão distinto “povoado”, num local tão distante da capital do Império e, principalmente, de tão difícil e exclusivo acesso…
Se há dez anos subi Wayna Picchu e admirei do cume do íngreme “rochedo”, o imponente complexo, desta vez percorri o longo e íngreme caminho até ao monte Machu Picchu que, apesar de distante do santuário, proporciona uma vista deslumbrante, um domínio visual de toda a região, dos vales cavados, dos picos imponentes, do rio contorcendo-se no leito estreito. Ali é fácil sentirmo-nos acima do comum mortal. Ali é mais fácil ouvir o silêncio dos deuses. Ali é mais fácil sentir o poder da natureza e a insignificância humana – mesmo dos que se possam sentir acima do comum mortal. Mas ali também é mais fácil sentir o poder dos Homens, vendo a sublime grandiosidade da realização de um sonho. Ali, todos os sonhos parecem ser possíveis. Ali, a vida quotidiana parece mais absurda, mais mesquinha, mais inútil. Ali dá vontade viver eternamente, não para respirar, mas para poder crescer e aprender até ao infinito do tempo.”
Desculpem o exagero de imagens…

Texto e imagens de Idílio Freire

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