quinta-feira, 28 de julho de 2011

POSTAIS SEM SELO


“Quando o Estio entra entristeço. Parece que a luminosidade, ainda que acre, das horas estivais devera acarinhar quem não sabe quem é. Mas não, a mim não me acarinha. Há um contraste demasiado entre a vida externa que exubera e o que sinto e penso, sem saber sentir nem pensar – o cadáver perenemente insepulto das minhas sensações. Tenho a impressão de que vivo, nesta pátria informe chamada o universo, sob uma tirania politica que, ainda que me não oprima directamente, todavia ofende qualquer oculto principio da minha alma. E então desce em mim, surdamente, lentamente, a saudade antecipada do exílio impossível.”
Fernando Pessoa, “Livro do Desassossego”

Legenda: “Praia das Maçãs” de José Malhoa.

Sem comentários: