sexta-feira, 22 de julho de 2011

NÃO SE ESQUEÇAM DE IR AO CINEMA!


“Cinema em Portugal – Os Primeiros Anos”  foi uma exposição realizada  sob a égide das  Comemorações do Centenário da República, que teve lugar, entre Dezembro de 2010 e Maio de 2011,  no Museu da Ciência da Universidade de  Lisboa, lá para as bandas da Escola Politécnica.

Uma bela exposição, diga-se de passagem, que não me parece ter tido a divulgação que merecia.
Mas o Museu da Ciência parece não ser, de facto, um sítio muito apetecível para tudo quanto não diga respeito a dinossauros …  No dia em que por lá passei, um Sábado à tarde de Abril, estava pouco mais que deserta.

Tal como o nome indica, a exposição abarcou os primeiros tempos do Cinema Português, desde Aurélio da Paz dos Reis até ao primeiro filme sonoro, que foi, consoante a vossa opção, “ A Severa” (Leitão de Barros/ 1931 -  primeiro filme sonoro português, embora com sonorização feita em  França), ou “A Canção de Lisboa” (Cottineli Telmo/ 1933  - primeiro filme sonoro inteiramente produzido em Portugal).

O percurso da exposição estava muito bem delineado e não era nada cansativo, como tantas vezes sucedeu com outras  exposições do Centenário. Os objectos expostos, provenientes da colecção da Cinemateca Portuguesa,  abrangiam  equipamentos diversos de diferente dimensão  (câmaras de filmar, projectores, o Kinestoscope de Edison,…), programas e cartazes de cinema,  revistas, fotografias, cenários de filmes, reprodução de estúdios, salas de projecção, salas de cinema, etc. E como é de bom tom  numa exposição sobre Cinema, também estavam visionáveis pequenos extractos de filmes da época: nem mais nem menos que  36  pedaços de filmes, dos Lumiére a Manuel de Oliveira, passando por Max Linder, Greta Garbo,  Rudolfo Valentino  e diversos  primitivos do Cinema Português, que, por si só, valiam bem a deslocação. Tudo isto completado por um excelente catálogo, que  faz o enquadramento histórico da época e reproduz a maior parte dos objectivos expostos e que era vendido pelo convidativo  preço de 15€.

Mas se  venho aqui  falar-vos disto é  porque achei imensa graça  a uns  “Mandamentos do Espectador de Cinema” que por lá vi, e que foram publicados, em 1928, no Nº 40 da  revista “Invicta Cine”.

Ora tomem bem nota:

1)      Lembrai-vos que aqueles que vos ficam por trás também pagaram para ver o que se passa na tela;

2)      Respeitai o conforto do vizinho que vos fica à direita e à esquerda;

3)      Levantai-vos sempre uma senhora deseje passar;

4)      Não deveis ler em voz alta os letreiros da tela;

5)      Não façais comentários de mau gosto sobre os personagens do filme ou qualquer das suas passagens;

6)      Quando caminhardes para o vosso lugar, fazei-o com calma, sem pressa;

7)      Deixai o recinto calmamente em caso de fogo ou qualquer distúrbio local;

8)      Podeis rir à vontade, mas lembrai-vos de manter sempre a vossa compostura;

9)      Levai ao gerente qualquer reclamação que tiverdes a fazer;

10)  Frequentai o cinema pelo menos uma vez por semana.


Muitas destas recomendações estão perfeitamente actualizadas.

A começar pela última…

Nestes tempos de DVD’s,  download’s,   Telecines disto e daquilo, quantas vezes vamos nós ao “verdadeiro” Cinema…?

Por mim falo que, se exceptuar as idas à Cinemateca, talvez não chegue a ir, em média, uma vez por mês, quando nos meus tempos áureos de cinéfilia  chegava  a ter uma média anual de dois filmes  por dia…

Acreditem  que vos confesso isto com uma enorme tristeza…

Boas férias, se  possível com Cinema!


Colaboração de Luís Miguel Mira

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