sábado, 7 de janeiro de 2012

JANELA DO DIA


Por norma os fins-de-semana são dias parcos em notícias, os políticos os fala-barato, vão arejar e, apenas ficam as outras notícias, normalmente mortes outras tragédias, por vezes, um acontecimento feliz.
É um tempo propício para colocar à janela o que, nos últimos dias fui lendo pela concorrência.

1.

A consoada celebrava-se na casa grande da minha sogra em Campo de Ourique. Espaçosa, abrigava a geração que nos antecedeu com sobriedade republicana e abria as suas portas a um sólido núcleo familiar que não faltava às festividades da quadra compostas por um menu tradicional,e por uns «números » de entretenimento dos nossos filhos dentro de uma filosofia mais criativa do que disciplinada pela imitação. O tempo foi passando, a Mãe da Maria Emília declinando suavemente pelos seus mais do que noventa anos, recitando muitas vezes as estrofes do «D. João»de Tomáz Ribeiro que incendiara a polémica entre Antero e Feliciano de Castilho. A polémica já nada dizia aos nossos filhos, mas disse muito ao Portugal novecentista e à história dos feriados , quando estes estavam entregues a gente culta.
Após um curto período de errância sobre a nova sede da família para a reunião da consoada, ontem ter-se-à consolidado o espaço de uma sobrinha cuja prole cresce impetuosa e que deslocou a corte para algures no Alto do Lumiar. A vasta sala foi concebida para um aumento da natalidade sustentada e permitiu-me dar-me conta da plena ascenção da geração dos netos. Refira-se que o antigo apartamento de Campo de Ourique foi recordado com intensidade num filme fortíssimo realizado por um jovem da geração dos filhos.

José Medeiros Ferreira no Córtex Frontal

2.

Esfalfam-se representantes da Jerónimo Martins a explicar-nos que não senhor, não foi nada por vantagens fiscais que a empresa mudou umas coisas para a Holanda.
Aqui venho pedir-lhes que poupem o seu precioso intelecto. Todos sabemos que quando, com outras empresas, em Dezembro de 2010 resolveram pagar logo os dividendos referentes a esse ano sem esperarem pelo 1 de Janeiro de 2011 não foi nada para fugirem às regras fiscais do OE para 2011. Foi apenas para que os seus pobres, desvalidos e carentes accionistas não tivessem de ficar em casa na passagem desse ano.

Vitor Dias em O Tempo das Cerejas 2

3.

Helena Sacadura Cabral, contratação de Inverno do  Delito de Opinião, colocou-se a jeito e entrou em polémicas, das quais se tem saído mal, muito mal mesmo.
Censurou um comentário e parece que não o fez pelas melhores razões.
Tudo pode ser acompanhado aqui .
Aproveito para reproduzir um comentário deixado por um viajante, Bartolomeu de seu nome:

Se a Helena prefere tomar o caminho da justiça, naquilo que à matéria de capital diz respeito... desisto!
Desde o início do processo de adesão ao Mercado Comum Europeu (reinava ainda Salazar) se percebeu que existia subjacente, uma... como direi... ideologia.
No entanto, esta malvada situação geográfica e este povo híbrido e esta pequenêz territorial (que não existia no tempo do outro senhor) não nos deixaram alternativa. Ou seria isto... ou então os cristais, as porcelanas, as cortiças, os lanifícios, as siderurgias, os calçados, o tintol, ficaríam reservados exclusivamente para o consumo interno, restar-nos-ia, somente o sol, as praias e a simpatia, para vender aos estrangeiros.
Como diz o pobõe; não ha bem que sempre dure, nem mal que não acabe.
Portanto, os tempos de fome e de atraso económico, financeiro e cultural, acabaram com a nossa integração no Mercado Comum Europeu. Hoje somos prósperos, graças a uma indústria de pescas dinâmica, a uma agricultura moderna e produtiva, a várias indústrias desde a metalurgia à confecção e graças também a uma ordenação do território, exemplar, onde se usufrui de um planeamento em que se integram harmoniosamente, tanto as áreas de turismo, como as residênciais.
Hoje, os nossos idosos, usufruem de reformas dígnas, os nossos jóvens, mal terminam os seus cursos, entram de imediato no mercado de trabalho.
Hoje, somo um Estado organizado, sem problemas na área laboral, cada empregado, obtem pontualmente o justo pagamento pelo trabalho que presta.
E tudo isto, graças a fazermos parte integrante e de pleno direito, de uma União de Países Europeus.
Isto sim, é o verdadeiro progresso!
Desculpe...?
Ah... de que país falo?
Pois... essa é que é uma pergunta de difícil resposta...

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