terça-feira, 10 de janeiro de 2012

NOTÍCIA DO DIA



Podia reservar a notícia para a Janela do Dia, mas assim fica melhor, porque, inclusive, quero colocar uma ambiência de José Duarte no seu Jazzé e Outras Músicas (1).

Eusébio da Silva Ferreira deixou esta terça-feira à tarde o Hospital da Luz onde estava internado desde dia 5 de Janeiro devido a uma cervicalgia aguda.

O símbolo do Benfica e da selecção nacional saiu por uma porta traseira da unidade hospitalar e não prestou qualquer declaração.

Há quem se tenha sentido molestado por o estado de saúde de Eusébio ter aberto telejornais, ser notícia constante em tudo o que é órgão de comunicação social.

Claro que tudo há a esperar do jornalismo de sarjeta que vamos tendo, mas sempre adianto que, quer queiram quer não, Eusébio é uma figura pública e, mal por mal, é  preferível  saber da sua saúde do  que  levar com a eventual violência doméstica de Paco Bandeira, ou o facto de a Ana Malhoa denunciar que Rihanna, diz o Blitz que é uma das artistas mais consagradas a nível mundial, anda a copiar-lhe o estilo, o visual,  desde a roupa ao sinal tão característico ou saber que a 5ª edição do Salão Erótico do Porto vai ter uma escola de sexo.

Diz a lenda que, no tempo em que os animais falavam, o botas de Santa Comba proibiu Eusébio de ir jogar para Itália porque era um símbolo nacional, ou ainda, no mesmo tempo, Mário Castrim a escrever no Canal de Crítica do Diário de Lisboa: futebol,  grande senhor da  solidão de Portugal, Eusébio é sempre Eusébio, e quando Eusébio tem menisco todos nós coxeamos, já para não falar de quem, à volta do mundo andava,  indagado de onde era, respondia Portugal andava, e as pessoas acrescentavam: Ah! Eusébio!


Mas é este o inicio do texto do José Duarte:

Tudo começara em Novembro de 71, quando Dizzy tocou em Portugal pela primeira vez no I Festival de Cascais, o histórico. Dias antes, em Varsóvia, o trompetista pedira-me para conhecer, em Lisboa, a pantera Negra, a Black Pearl, está-se mesmo a ver: Eusébio.

Dezanove anos depois, o encontro teria de se repetir e agora por sugestão dos três.
No hotel mostrei-lhe as fotografais de 71, nada de cabelos brancos, uma filha do Eusébio com três anos, fotos para a posteridade, ao colo de Sonny Stitt, outro notável do jazz já desaparecido, e ainda fotos no relvado da Luz a assistirmos a um Portugal-Bélgica e onde Eusébio jogou mal, diz ele.


(1)   Jazzé e Outras Histórias, José Duarte, Edições Cotovia, Lisboa 1994

Legenda: a fotografia do botas de Santa Comba com o Eusébio foi retirada do baú de postais e fotografias da Aida e é uma fotografia histórica, após o Mundial de 66, uma fotografia pouco vista, diga-se.

A outra fotografia mostra, num hotel em Lisboa em 1990, José Duarte, Eusébio, Dizzy Gillespie, e é retirada do livro do José Duarte.

Sem comentários: