Quando já não há nada
absolutamente nada pra dizer
e cada dia te parece apenas
uma longa e inútil sequência
de vinte e quatro horas vazias;
quando uma folha de papel
é um deserto branco já sem rosto,
um firmamento sem constelações,
uma página nua, uma página
muda,
há dois rápidos olhos que te falam
desde sempre da terra prometida.
Consegues fixá-los? Não tens medo?
Vê como arde súbito o seu gelo
no fundo das pupilas
e não hesites - rouba essa vertigem
à madrugada de Jerusalém
porque às vezes não há outra saída
para algumas palavras que ainda podem
ser um arco uma flecha
perto do alvo que ninguém conhece.
absolutamente nada pra dizer
e cada dia te parece apenas
uma longa e inútil sequência
de vinte e quatro horas vazias;
quando uma folha de papel
é um deserto branco já sem rosto,
um firmamento sem constelações,
uma página nua, uma página
muda,
há dois rápidos olhos que te falam
desde sempre da terra prometida.
Consegues fixá-los? Não tens medo?
Vê como arde súbito o seu gelo
no fundo das pupilas
e não hesites - rouba essa vertigem
à madrugada de Jerusalém
porque às vezes não há outra saída
para algumas palavras que ainda podem
ser um arco uma flecha
perto do alvo que ninguém conhece.
Legenda: pintura de Edouard Manet.
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