segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

TE DEUM LAUDAMUS



Já vos disse: sou leitor atrasado de jornais.

Passei hoje os olhos pelo Público de 4 de Janeiro, e li a crítica que Pedro Boléo escreveu sobre o Te Deum de João de Sousa Carvalho, tocado no último dia do passado ano, na Igreja de São Roque, e integrado na época de Concertos da Gulbenkian 2011/12.

Coloco de lado a interpretação que o crítico faz do concerto, porque, não só na música, mas também no futebol, ou qualquer outro espectáculo, fico sempre com a sensação de que os críticos não viram ou ouviram o mesmo que eu.

Obviamente assim acontece dadas as minhas gritantes insuficiências, ignorâncias várias, seja lá o que for…

Pedro Boléo finaliza, deste modo, a sua crítica:

Refiro-me, sim, ao morníssimo e chocho aplauso do público depois de um tão dedicado esforço do coro, da orquestra e dos cantores para mostrar o que de mais vivo há nesta obra do século XVIII. Onde ficaram laudatio et jubilatio? Talvez perdidas algures em 2011.

Não sei a idade do crítico, mas sempre vou dando que a minha, como a da Aida, já passou dos 65 anos. Gostámos do que ouvimos, batemos as palmas chochas que o crítico diz que aconteceram, mas um motivo forte, pelo menos do nosso lado, fez com que assim acontecesse: duas horas nas cadeiras de suma pau da Igreja de São Roque, não são a mesma coisa que as cadeiras almofadas do Grande Auditório da Gulbenkian.

A esmagadora maioria dos frequentadores dos concertos da Gulbenkian está na casa da chamada terceira idade e assim se entenderá a fuga rápida que encetaram após o final  do concerto.

Claro que o Te Deum, uma peça lindíssima, fora do cenário de uma igreja, não é bem a mesma coisa. O auditório é confortável, mas a ambiência para uma obra como esta seria, diga-se, um crime, pequeno ou grande, consoante as opiniões.


O espectáculo da Igreja de São Roque demorou duas horas.

O Te Deum de João de Sousa Carvalho era matéria suficiente para o concerto, mas os programadores da Gulbenkian entenderam juntar-lhe a Cantata de Ano Novo da Oratória de Natal de Bach, que, por sinal, já se fez ouvir no Grande Auditório. A Cantata tem a duração aproximada de vinte e cinco minutos, e seria um tempo poupado ao desconforto dos bancos de pau.

Um último pormenor: os tempos são de crise, todos sabemos, mas não consigo vislumbrar que a situação da financeira esteja assim tão má, que levasse o director financeiro, ou seja quem for, a colocar os preços dos bilhetes, apara tal terceira idade, desconheço o preço dos outros, a 22,00 euros, o mesmo preço dos concertos que se realizam no Auditório!..

Tu que estás à direita de Deus, na glória do pai.
Acreditamos que virás como juiz.

Por isso te pedimos: vem em socorro do teu povo.


Legenda: fotografia tirada meia-hora antes do concerto, que foi transmitido em directo pela RTP 2, começar.
Não ficou um espaço mínimo da Igreja por preencher.

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