Pedro Rosa Mendes, participava, juntamente com António Granado, Raquel Freire, Gonçalo Cadilhe e Rita Matos., num espaço de crónica da Antena 1 denominado Este Tempo.
A rubrica foi agora extinta depois de, na sua última crónica, Pedro Rosa Mendes ter tecido duras críticas ao programa da RTP, emitido a partir de Luanda,, Prós e Contras.
A informação do rompimento do contrato, com o cronista, foi-lhe comunicada, informava o jornal Público, via telefónica, pela administração da RDP.
Foi-me dito que a próxima seria a última porque a administração da casa não tinha gostado da última crónica sobre a RTP e Angola, afirmou Pedro Rosa Mendes, àquele jornal, acrescentando: A ser verdade, esta atitude é um acto de censura pura e dura
.
Luis Marinho, director-geral da RTP, que comanda igualmente a RDP, veio explicar que foi decidido terminar com a série e não apenas com o programa da autoria do Pedro Rosa Mendes. A decisão já estava tomada há algum tempo, antes do referido programa ter sido emitido.
Sobre este a Comissão de Trabalhadores da RTP tomou a seguinte posição:
A decisão de acabar com o programa da Antena 1 “Este Tempo” suscitou generalizadas acusações de censura contra a RTP. O diretor geral da RTP rebateu estas acusações, alegando que o fim do programa já estava previsto e não constitui, portanto, uma retaliação contra as críticas que aí emitiu o colunista Pedro Rosa Mendes (PRM) sobre o programa “Reencontro” de Fátima Campos Ferreira. PRM retorquiu que nas últimas semanas estava em discussão a alteração do formato jurídico do seu contrato, mas nunca se anunciara a intenção de acabar com o programa. E afirma que a decisão de acabar com o mesmo lhe foi comunicada como reação à sua crónica sobre “Reencontro”. No meio desta polémica, um primeiro ponto pode estabelecer-se como coisa certa: a RTP fez uma triste figura e alimentou, no mínimo, uma suspeição de censura que mesmo o desmentido do diretor geral não consegue dissipar inteiramente. Supondo que fosse falso tudo o que diz PRM sobre os preparativos para uma renovação dos contratos de “Este Tempo”, e que o fim do programa estivesse efetivamente previsto, pergunta-se: e ao dar a machadada final no programa não se percebeu como essa decisão, neste momento e neste contexto, só podia ser vista como censória? E não se percebeu como a acusação de censura lesava a imagem da rádio pública? E não se percebeu como esses estragos na imagem da RDP se tornavam duplamente graves na sequência dos estragos que o programa “Reencontro” tinha deixado no prestígio da televisão pública? E este é o segundo ponto que pode considerar-se estabelecido para além de qualquer dúvida razoável: ao escamotear a realidade angolana, o programa “Reencontro” deu, afinal, execução e cumprimento às recomendações de um relatório que a abominação pública parecia ter relegado, merecidamente, para o caixote do lixo da História – o relatório Duque. Nesse documento expendia-se a ideia peregrina de que a RTP devia tornar-se uma agência de comunicação do MNE. O programa “Reencontro” veio mostrar que o defunto relatório continua, por trás dos bastidores, bem mais vivo, perigoso e nefasto do que o clamor de repúdio da opinião pública parecia permitir. Admitindo que sejam certas as explicações dadas pelo diretor geral da RTP, fica ainda uma outra questão por esclarecer: em que conceção de futuro para a rádio e a televisão públicas se inscreve a decisão de acabar com o programa “Este Tempo”? Damos por suposto que não se tomam nesta casa decisões avulsas e que cada passo pontual corresponde a uma estratégia de maior fôlego – ou seria adiado até existir essa estratégia, com a vantagem adicional de ser dado em momento mais oportuno e sem o estigma desta aparência atentatória da liberdade de expressão. Ora, se existe uma estratégia já delineada, então está-se a proceder a uma reestruturação clandestina, evitando chamá-la pelo seu nome e evitando pôr as cartas na mesa. Talvez por isso, esta CT continua sem ser ouvida sobre o dito processo de reestruturação, como a lei determina.
Raquel Freire, que também tinha crónica em Este Tempo, ao despedir-se dos ouvintes, deixou estas palavras:
Como povo, passámos tempos piores do que este e soubemos levantar-nos do chão. Apesar daqueles que nos deviam liderar nos dizerem que nada valemos, somos melhores do que eles pensam. Somos melhores do que nós próprios pensamos. Nós não estamos condenados a esta humilhação. Sim, sairemos da nossa zona de conforto. Não para emigrar, mas para, como, cantava o Sérgio Godinho, fazer outra terra no mesmo lugar. Não será seguramente com esta gente. Será com gente que nos represente. Nós saberemos encontrá-la. Não desanimamos nem desistimos. Porque não há luta sem esperança, nem esperança sem luta.
Por isso 2012 é o ano dos desafios, de apresentar e operacionalizar as alternativas. De ganharmos coragem e responsabilidade. É o ano de perdermos o medo.
É a minha última crónica, não vos digo adeus, digo-vos até já!, vemo-nos nas ruas.
Sem comentários:
Enviar um comentário