quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

JANELA DO DIA



Uma canção do West Side Story diz, em tradução livre, que com o grupo do bairro tu és rei, sem o grupo não és nada.

A história da UGT é um longo repositório de pequenas e grandes traições para com os trabalhadores portugueses.
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Lembramo-nos de Torres Couto, celebrando a assinatura de um acordo social, a beber calicezinhos de Vinho do Porto com o então primeiro-ministro Cavaco Silva, vimos agora João Proença empoleirado em Pedro Passos Coelho.

A UGT remonta ao tempo em que determinadas figuras públicas portuguesas, verificando a unidade dos trabalhadores na defesa das conquistas de Abril, entenderam que seria imperioso quebrar a espinha à Intersindical.

Os resultados, apesar de todos os avisos ao longo de todos estes anos, estão, hoje, bem à vista.

E ainda a procissão não saiu da igreja.

Manuel Carvalho da Silva, comentando, a assinatura do acordo obtido entre o patronato, o governo e a UGT, denunciou 

Esta jogada da meia hora de trabalho a mais, lançada pelo Governo, é uma das manobras mais ardilosas na história da democracia e algumas entidades mais retrógradas da sociedade viram na proposta de aumento do horário de trabalho diário uma oportunidade para impor a mais violenta reforma da legislação laboral depois do 25 de Abril.

Constança Cunha e Sá, comentarista que, de modo, algum, pode ser rotulada de esquerdisya, ou algo que se pareça, disse ontem na TVI 24  que Portugal estar a efectuar uma desvalorização do trabalho à custa dos trabalhadores e que por isso mesmo «dá razão à CGTP. O que acontece é que de facto é que não tendo Portugal possibilidade de diminuir e desvalorizar a moeda, o que está a acontecer é que estamos a desvalorizar o valor do trabalho. Agora, o problema é que isso é muito feito muito à conta dos trabalhadores e eu aí, tenho de dar razão à CGTP porque é muito feito à conta dos trabalhadores, seja funcionários públicos, seja por trabalhadores à conta de outrem.

O líder da UGT, João Proença, disse que foi incentivado por altos dirigentes da CGTP a negociar o acordo de concertação social com o Governo, e que para esta ultima foi muito importante a anuência da UGT ao documento que ontem subscreveu, conjuntamente com o Governo e as associações patronais representadas na Concertação Social, porque, se não houvesse negociação, não só havia um clima de conflito extremamente perigoso como, sobretudo, estaria em causa a actividade sindical.

Esta notícia, retirada do Público-on line, mereceu, por parte dos seus leitores, diverso tipo de comentários. Alguns deles:

     
     a)      Que lhe assoprasse ao ouvido, um astrólogo, um passarinho, uma libelinha, Nossa Senhora       de Fátima ou um alto dirigente não socialista da CGTP, um acordo destes não se assinava!

b)      Alguém acredita que uma pessoa idónea seja obrigada a fazer o que não quer? Alguém acredita que uma pessoa idónea assine um qualquer documento que vá contra as suas convicções.

c)      A unidade entre as centrais é importante, mas não se pode aguentar todos os desaforos, particularmente este agora de João Proença. Procura justificar o injustificável; afinal o acordo com o governo e patrões é de uma grande violência, não para os patrões, claro. JP procura vários argumentos, quase todos eles estapafúrdios. A CGTP que reaja, mas gostaria que evitasse, se possível, meter-se em tribunais. Não é bom. Já andamos suficientemente maltratados para ver escarrapachada nos tribunais uma luta que em nada beneficia o movimento sindical. (...) Provavelmente, a UGT irá secar com o tempo.

d)     O problema é que toda esta "Gente" já perdeu a vergonha há muito tempo. Quando um primeiro ministro é capaz de dizer que este acordo foi Bom para Todos está tudo dito. Pode ir embora. Quanto ao Sr. João Proença, encostado à parede durante 17 horas e habituado a fazer os 2 papéis (do lado do PS ou de quem mandava nele ou dos trabalhadores!!!) um dia tinha de ser. Atraiçou-os definitivamente. Esta "Gente" não sabe retirar-se a tempo e depois dá isto. Uma coisa é segura. Uma minoria (patrões) não vai nunca conseguir esmigalhar a maioria ( os trabalhadores) Esperem. Quem escreve estas linhas não tem partido politico nem é de direita ou esquerda de cima ou debaixo É só alguém sensato que tenta manter-se lúcido no meio destas palhaçadas todas..... que já ultrapassaram quase todos os limites.

e)      Só mesmo em Portugal é possível que o dirigente duma dada organização diga ter tomado determinada posição, não por vontade dos seus colegas de direcção, mas sim pela pressão ds dirigentes duma organização rival. A desculpa é a anedota do dia. Mas existiu. E bem justitica que, para nossa sanidade mental, seja dirimida em tribunal. Só nos faltava que quem não assinou e sempre denunciou um acordo espúrio e nocivo para os trabalhadores pudesse agora vir a ser penalizado pelo que outros fizeram.

f)       Declarações miseráveis para justificar a assinatura de um acordo miserável. O Proença, que no meu sindicato da UGT é tratado de "Monas", sempre preferiu andar de braço dados com os governos e os patrões, viajando em classe executiva, de copo na mão e calças no chão

g)      .Sou trabalhador hà 23 anos e nunca vi um sindicalista a trabalhar. Não sou sindicalizado.

Vitor Dias no Tempo das Cerejas admira-se de não ouvir nenhum jornalista perguntar:

Ó  homem, mas se você não tem por hábito mentir, então diga lá os nomes dos da CGTP que lhe pediram o que você diz que pediram ?

Bruno Sena Martins no Arrastão escreve:

É uma injustiça o que estão a fazer ao João Proença. Chamarem-lhe sindicalista. Não se faz.

Torres Couto, um dos fundadores da UGT, é de opinião que o acordo assinando pode ser a certidão de óbito da central sindical.

Os Trabalhadores Sociais-Democratas acusaram hoje a CGTP de ultrapassar os limites da decência democrática ao anunciar uma acção judicial contra João Proença, que garantiu ter sido pressionado por dirigentes da CGTP a assinar o acordo de concertação social.

Manuel da Silva Carvalho, ao cair da tarde de hoje,  garantiu aos jornalistas que não existe nenhum problema entre a CGTP e a UGT.

O que há é um disparate dito por uma pessoa e uma encenação deliberada para transformar os problemas gravíssimos num folhetim sobre uma questão entre a UGT e a CGTP.

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