Uma fotografia é um excelente mote para um texto.
Mas esta simplifica tudo: a serenidade de um findar de tarde, uma mensagem, deixada ao sol, escrita no telhado de um barracão de cais.
O Amor Existe.
Tinham olhado a mensagem, ao fundo, a vela enfunada de um barco, empurrado pelo vento que não se vê, e ela pergunta:
Mas o que é o amor?
Ele lembrou-se do Carlos Drummod de Andrade, e citou:
Hoje beija-se, amanhã não se beija,
Depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe o que será…
Propositadamente, ou não, tinham deixado a porta do carro aberta.
O CD player deixava ouvir o final de uma velha canção do Serge Reggiani, quando ele diz que ela é ao mesmo tempo princesa, cortesã, uma criança, uma mulher, e que quando a olha ela o faz reviver, o faz renascer, gestos que o libertam de tudo o que é.
A tarde continuava a cair.
Legenda: o autor da fotografia é o Manuel Luís que, a tirou por um telemóvel, a enviou para o Miguel que, por sua vez, a fez chegar a este cais.
É verdade que as novas tecnologias facilitam, permitem muita coisa. Mas não basta possuí-las.
Também é necessário um certo feeling,.
Que acaba por fazer toda a diferença.
1 comentário:
E há uma flor roubada em qualquer lado que ela lhe põe entre os lábios, e ele pergunta-lhe:
Dis-moi qui t'a appris
A effleurer ma bouche...?
Belo texto!
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