Aqui pelo Cais
temos a tineta de não ligar aos dias determinados, sejam eles da Poesia, da
Mulher, do Pai, da Mãe, da Árvore e por aí fora.
Hoje é o Dia da
Poesia.
Por nós, a
Poesia é de todos os dias, feita por todos, e dentro dessa filosofia tentamos que, em cada dia,
os viajantes encontrem um poema.
Mas falamos do
Dia da Poesia porque a Casa Fernando Pessoa realiza, até domingo, no Jardim da
Parada, em Campo de Ourique, uma pequena Feira do Livro em que é possível
encontrar livros de pequenas editoras que a selvajaria do mercado não permite
colocar nos escaparates das livrarias.
Ainda há
livrarias?
O dia está
bonito e é bem provável que os nossos passos para Campo de Ourique se
encaminhem.
Por Poesia, por Campo
de Ourique, recordar que Fernando Assis Pacheco, que por ali viveu, chegou a
escrever conselhos da vida e para a vida que intitulou «Regras Para Viver emCampo de Ourique».
Claro que o
conceito das regras pode e deve ser alargado a outras paragens:
1. Pratica a arte da boa vizinhança; estás numa terra
pequena, não sejas opaco.
2. Dá o máximo
de ti, pede aos outros o máximo. A escassez não vale uma vida.
3. O alheamento
não vale uma vida.
4. Faz-te
conhecer pelos gestos de todos os dias; mesmo os gestos neutros; mesmo os
inúteis.
5. Não deixes
de contrastar os homens sobre as pedras.
6. Saboreia os
teus trajectos com uma paixão minuciosa,
7. Mas
reserva-te para a surpresa e para o imprevisto (como no trabalho).
8. Vive
direito. Vive claro. Evita enganar-te neste ponto.
9. Aceita os
outros, que são sempre diversos.
10. Gostarias
que de ti ficasse (mas qual?) uma memória. Em todo o caso não a forces.
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