Batem-me à porta cada dia
A perguntarem por mim;
Se continuo com a poesia.
Respondo-lhe que sim.
Por isso é que comigo me concordo.
Quando durmo, ela vela à cabeceira;
Dou-lhe os bons-dias, quando acordo,
E meto-a na algibeira,
Por vezes, fala-me em segredo:
- Prepara o papel e a caneta;
Vais nascer o poema.
(Com que medo
Me condesso poeta!)
Digo, então, aos escombros
Do passado a que me atrevo,
O que resta de mim, carregado nos ombros,
E escrevo.
António Manuel
Couto Viana
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