É um título da
1ª página do Público de 20 de Fevereiro.
São estes os
caminhos que vamos percorrendo.
Aparentemente
ninguém aprende nada.
Mesmo NADA.
Nem as pessoas,
nem os bancos, nem o Banco de Portugal, nem o governo.
Ninguém.
QUOTIDIANOS
1.
O estado
português já injectou mais de 23 milhões de euros na banca.
O Novo Banco
volta a pedir dinheiro ao Fundo de Resolução.
2.
Numa entrevista
à TSF, Ricardo Salgado, por causa dos
lesados do BES, diz que dorme mal.
«Penso todos os dias nos lesados. E sofro com isso».
3.
O presidente do
Fórum para a Competitividade Pedro Ferraz da Costa, em entrevista ao i,
defende que, entre os trabalhadores, há quem ganhe mais do que devia.
4.
«A Jerónimo Martins apresenta lucros de 401 milhões em
2018 e Soares dos Santos afirma que os pobres foram feitos "para a gente
os transformar em classe média". A Associação Sindical de Juízes celebra o
Dia da Mulher organizando um workshop de maquilhagem, numa altura em que -
também na magistratura - o debate sobre a igualdade de género está na ordem do
dia após a estupra decisão do juiz Neto de Moura relativamente a mais um caso
de violência doméstica sobre mulheres. A Comissão Europeia recomenda a abolição
dos vistos gold por comportarem mais riscos do que eventuais benefícios, mas só
BE e PCP defendem a opinião que nos chega da Europa. António Cluny, magistrado
português no Eurojust, finge que não há incompatibilidade de interesses quando
o seu filho trabalha na sociedade que defende investigados e poderosos no
Football Leaks e no e-Toupeira, tendo defendido um banco nas Ilhas Caimão
contra o "whistleblower" Rui Pinto. Ovos não, purpurina sim!»
Miguel Guedes no
Jornal de Notícias
5.
A Justiça nas
margens do ridículo, da insanidade.
E sempre na
berlinda o juiz Neto Moura que vai processar todos aqueles que o criticaram.
O juiz defende
que a sua honra pessoal e profissional foram ofendidas.
Carta da
jornalista Ana Sá Lopes publicada no Público e endereçada ao juiz Neto
Moura:
«Senhor Neto de Moura. Não nos conhecemos, felizmente.
Digo felizmente porque, embora o jornalismo me obrigue, de quando em vez, a
contactar com as catacumbas da sociedade, prefiro, como dizia o famoso Bartleby
do Herman Melville, não o fazer.
A verdade é que gostaria de o processar. Não tenho
muita paciência para tribunais e os juízes metem-me algum horror, porque já vi
em acção alguns exemplares como o senhor. Também não tenho muito tempo livre e
a justiça é lenta. Depois, é verdade que não tenho muito dinheiro e, já se
sabe, a justiça é cara.
Eu tenho um problema de saúde: perante o asco, tenho
vómitos. Às vezes também tonturas. As últimas decisões que tomou provocaram-me
problemas de saúde. Talvez isso seja um motivo para o processar. Fico
literalmente doente ao ver a sua, vá lá, doença com as mulheres. O prejuízo
para a minha saúde dos seus acórdãos pode ser um motivo para um processo.
O meu problema com situações asquerosas é uma razão
porque evitei, até este momento, escrever sobre o acórdão em que o senhor
invocou a Bíblia e considerou exemplares – no sentido de lhe servirem de
exemplo — as sociedades que apedrejam as mulheres adúlteras para “acentuar que
o adultério da mulher é uma conduta que a sociedade sempre condenou e condena
fortemente (e são as mulheres honestas as primeiras a estigmatizar as
adúlteras)” e por isso a dita sociedade “vê com alguma compreensão a violência
exercida pelo homem traído, vexado e humilhado pela mulher”. O senhor, vindo lá
das cavernas de onde fala, está a infringir a Constituição, mas nem dá por isso
– assim como os seus colegas que lhe aplicaram a advertência. Os senhores
metem-me medo. E não há sociedade mais doente do que aquela que fica com medo
da justiça.
Eu sinto-me humilhada, vexada pelo senhor e a sua
repugnante ideia de “sociedade”, mulheres e adultério. Acho que o senhor não me
respeita e ofende todas as mulheres deste país. O adultério não é crime, a não
ser na sua cabeça que me abstenho de qualificar ainda mais. A questão é que o
senhor é juiz e põe em causa a segurança das pessoas, desde que sejam mulheres.
Isso ofende-me. A ideia de lhe dar um soco na cara até me pode passar, assim de
repente, pela cabeça, mas não o farei. No meu quadro moral e seguindo os
preceitos da lei e Constituição, acho que a violência física não é de todo
desculpável – nem contra um juiz que a desculpa.»
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