sábado, 9 de março de 2019

ETECETERA



É um título da 1ª página do Público de 20 de Fevereiro.

São estes os caminhos que vamos percorrendo.

Aparentemente ninguém aprende nada.

Mesmo NADA.

Nem as pessoas, nem os bancos, nem o Banco de Portugal, nem o governo.
Ninguém.


QUOTIDIANOS

1.

O estado português já injectou mais de 23 milhões de euros na banca.

O Novo Banco volta a pedir dinheiro ao Fundo de Resolução.

2.

Numa entrevista à TSF,  Ricardo Salgado, por causa dos lesados do BES,  diz que dorme mal.

«Penso todos os dias nos lesados. E sofro com isso».

3.

O presidente do Fórum para a Competitividade Pedro Ferraz da Costa, em entrevista ao i, defende que, entre os trabalhadores, há quem ganhe mais do que devia.

4.

«A Jerónimo Martins apresenta lucros de 401 milhões em 2018 e Soares dos Santos afirma que os pobres foram feitos "para a gente os transformar em classe média". A Associação Sindical de Juízes celebra o Dia da Mulher organizando um workshop de maquilhagem, numa altura em que - também na magistratura - o debate sobre a igualdade de género está na ordem do dia após a estupra decisão do juiz Neto de Moura relativamente a mais um caso de violência doméstica sobre mulheres. A Comissão Europeia recomenda a abolição dos vistos gold por comportarem mais riscos do que eventuais benefícios, mas só BE e PCP defendem a opinião que nos chega da Europa. António Cluny, magistrado português no Eurojust, finge que não há incompatibilidade de interesses quando o seu filho trabalha na sociedade que defende investigados e poderosos no Football Leaks e no e-Toupeira, tendo defendido um banco nas Ilhas Caimão contra o "whistleblower" Rui Pinto. Ovos não, purpurina sim!»

Miguel Guedes no Jornal de Notícias

5.

A Justiça nas margens do ridículo, da insanidade.

E sempre na berlinda o juiz Neto Moura que vai processar todos aqueles que o criticaram.

O juiz defende que a sua honra pessoal e profissional foram ofendidas.

Carta da jornalista Ana Sá Lopes publicada no Público e endereçada ao juiz Neto Moura:

«Senhor Neto de Moura. Não nos conhecemos, felizmente. Digo felizmente porque, embora o jornalismo me obrigue, de quando em vez, a contactar com as catacumbas da sociedade, prefiro, como dizia o famoso Bartleby do Herman Melville, não o fazer.

A verdade é que gostaria de o processar. Não tenho muita paciência para tribunais e os juízes metem-me algum horror, porque já vi em acção alguns exemplares como o senhor. Também não tenho muito tempo livre e a justiça é lenta. Depois, é verdade que não tenho muito dinheiro e, já se sabe, a justiça é cara.

Eu tenho um problema de saúde: perante o asco, tenho vómitos. Às vezes também tonturas. As últimas decisões que tomou provocaram-me problemas de saúde. Talvez isso seja um motivo para o processar. Fico literalmente doente ao ver a sua, vá lá, doença com as mulheres. O prejuízo para a minha saúde dos seus acórdãos pode ser um motivo para um processo.

O meu problema com situações asquerosas é uma razão porque evitei, até este momento, escrever sobre o acórdão em que o senhor invocou a Bíblia e considerou exemplares – no sentido de lhe servirem de exemplo — as sociedades que apedrejam as mulheres adúlteras para “acentuar que o adultério da mulher é uma conduta que a sociedade sempre condenou e condena fortemente (e são as mulheres honestas as primeiras a estigmatizar as adúlteras)” e por isso a dita sociedade “vê com alguma compreensão a violência exercida pelo homem traído, vexado e humilhado pela mulher”. O senhor, vindo lá das cavernas de onde fala, está a infringir a Constituição, mas nem dá por isso – assim como os seus colegas que lhe aplicaram a advertência. Os senhores metem-me medo. E não há sociedade mais doente do que aquela que fica com medo da justiça.

Eu sinto-me humilhada, vexada pelo senhor e a sua repugnante ideia de “sociedade”, mulheres e adultério. Acho que o senhor não me respeita e ofende todas as mulheres deste país. O adultério não é crime, a não ser na sua cabeça que me abstenho de qualificar ainda mais. A questão é que o senhor é juiz e põe em causa a segurança das pessoas, desde que sejam mulheres. Isso ofende-me. A ideia de lhe dar um soco na cara até me pode passar, assim de repente, pela cabeça, mas não o farei. No meu quadro moral e seguindo os preceitos da lei e Constituição, acho que a violência física não é de todo desculpável – nem contra um juiz que a desculpa.»

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