A última
entrevista da colectânea O Crocodilo Que Voa foi feita por Ricardo
Nabais e Vladimiro Nunes e publicada no semanário Sol em Janeiro de 2008.
Com algumas
passagens desta entrevista, despedimo-nos deste Luiz Pacheco que durante algum
tempo fartou-se de gozar com as larachas – e não só! – com que entretinha
aquele pessoal dos jornais e revistas que, em busca de sensacionalismo
invadiram os lares de idosos por onde Pacheco passou os últimos anos de vida.
Claro que há excepções. Alguns que o foram entrevistar leram-lhe os livros,
sabiam dos seus percursos
A entrevista é
delirante.
Aliás, este
juntar de entrevistas em livro é um material que não pode ser dispensado por quem queira conhecer as muitas das facetas da vida bem remendada da Pachecal Figura.
Já dei algumas.
Qual foi a pior?
Isso não posso dizer. E também não se avalia assim.
Qual a que lhe deu mais gozo?
Deram-me todas muito gosto. Tive aí uma actividade durante 50 anos [como editor da Contraponto]. O gosto que tenho é nos livros que vendi a cinco ou a 20 paus e hoje valem contos de réis. Também assinados, com dedicatórias, numerados. Agora é uma senhora, cunhada do Manuel Alegre, uma jornalista, que está outra vez a fazer edições da Contraponto.
Um dos últimos livros que o Pacheco editou foi Villa Celeste, de Hélia Correia, em 1999.
Ela agora fez um romance.
E tem publicado vários livros na Relógio D’Água.
Está a ter mais nome, até ganhou um prémio, parece-me. Já não a vejo há muito tempo. Quando eu estava em Palmela, foi lá com o marido, aquele rapaz dramaturgo, do Público, que também foi premiado… o Jaime Rocha… Ela escrevia lá para as Azenhas do Mar, porque gosta de ambientes húmidos. É gira. E um bocado tosca, maluca…
Mas era uma das escritoras novas de que o Luiz Pacheco mais gostava.
Era sim senhor.
Até porque entretanto já se tinha fartado do Pedro Paixão e do Miguel Esteves Cardoso.
O Pedro Paixão ainda é vivo, esse gajo?
É. E o Miguel Esteves Cardoso também.
Esse é um estupor. Ele, a mãe e o pai. É o gajo da televisão, não é?
Não. Esse é o Miguel Sousa Tavares.
Pois é. Desculpem. Não, do Esteves Cardoso gostava muito. Era um gajo giro. Depois fez aquela laracha d’ O Amor é Fodido. Os livreiros até tapavam o título. Conheço dois que taparam. Ele está a fazer o quê? Engordou muito, não foi?
Voltou a fazer crónicas para o Expresso, mas sem o mesmo sucesso de antigamente.
Nunca gostei muito dele em crónicas. Nunca me convenceu muito. Já o topava desde o Independente. Depois esteve numa revista com graça, a K.»
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