Vivenda Calamidade
Ellery Queen
Tradução: Lino
Vallandro
Capa: Cândido
Costa Pinto
Colecção Vampiro
nº 8
Livros do
Brasil, Lisboa s/d
Rodeado de bagagem até aos joelhos, na plataforma da
estação de Wrightsville, Ellery Queen pensou: «Isto faz de mim um almirante. O
almirante Colombo.
A estação ear um edifício acachapado, de tijolo
vermelho escuro. Numa vagoneta ferrugenta, debaixo do beiral, dois rapazinhos
de macacões rotos de cor azul balançavam as pernas sujas e mascavam goma
cadenciadamente, fitando nele os olhos inexpressivos.
Em torno da estação, o saibro estava mosqueado de
dejecções de cavalos. Casas de madeira de dois andares e pequenas lojas
apoucadas, que lembravam barris de bolachas, aglomeravam-se a um dos lados dos
trilhos – o lado da cidade, pois estendendo o olhar por uma rua íngreme,
calçada com paralelepípedos, Mr. Queen podia divisar, além construções mais
elevadas e a traseira larga de um ónibus que se afastava.
Do outro lado da estação, não se via mais do que uma
garagem, uma velha carruagem com o letreiro Refeitório Phil, e uma forja com tabuleta a gás neónio. O resto era
vegetação e encanto.
«O campo é atraente, caramba, murmura Mr. Queen,
entusiasmado. Verde e amarelo. Cores de palha. E céu azul, e nuvens brancas –
do azul mais azul e do branco mais branco que ele se lembrava de ter visto.
Cidade-campo; e é aqui que se encontram; é aqui que a
estação de Wrightsville atira o século XX à face atónita da terra.
É isso, meu rapaz. Achaste!
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