quarta-feira, 6 de março de 2019

OLHAR AS CAPAS


Vivenda Calamidade

Ellery Queen
Tradução: Lino Vallandro
Capa: Cândido Costa Pinto
Colecção Vampiro nº 8
Livros do Brasil, Lisboa s/d

Rodeado de bagagem até aos joelhos, na plataforma da estação de Wrightsville, Ellery Queen pensou: «Isto faz de mim um almirante. O almirante Colombo.
A estação ear um edifício acachapado, de tijolo vermelho escuro. Numa vagoneta ferrugenta, debaixo do beiral, dois rapazinhos de macacões rotos de cor azul balançavam as pernas sujas e mascavam goma cadenciadamente, fitando nele os olhos inexpressivos.
Em torno da estação, o saibro estava mosqueado de dejecções de cavalos. Casas de madeira de dois andares e pequenas lojas apoucadas, que lembravam barris de bolachas, aglomeravam-se a um dos lados dos trilhos – o lado da cidade, pois estendendo o olhar por uma rua íngreme, calçada com paralelepípedos, Mr. Queen podia divisar, além construções mais elevadas e a traseira larga de um ónibus que se afastava.
Do outro lado da estação, não se via mais do que uma garagem, uma velha carruagem com o letreiro Refeitório Phil, e uma forja com tabuleta a gás neónio. O resto era vegetação e encanto.
«O campo é atraente, caramba, murmura Mr. Queen, entusiasmado. Verde e amarelo. Cores de palha. E céu azul, e nuvens brancas – do azul mais azul e do branco mais branco que ele se lembrava de ter visto.
Cidade-campo; e é aqui que se encontram; é aqui que a estação de Wrightsville atira o século XX à face atónita da terra.
É isso, meu rapaz. Achaste!
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