sexta-feira, 15 de março de 2019

O VOTO NÃO É ASSEXUADO



Por falar em borla, tem conseguido equilibrar as suas finanças?

Ainda estava no lar do Príncipe Real quando, com a história daquela Manuela Ferreira Leite e do défice dos três por cento, vi a coisa mal parada. Porque eles dão-me, há anos já, um subsídio. Foi até o Tio Patinhas, o Balsemão, que, quando foi primeiro-ministro – não foi muito tempo, mas foi – deixou lá um saco azul, um buraco que não tinha cobertura legal nenhuma. A certa altura, arranjou um decreto em que instituía o chamado ‘mérito cultural’. O Alçada Baptista tinha-me encontrado na Avenida da República e, como sabia que eu estava muito à rasca, a viver mal, tinha-me perguntado: ‘Ó Pacheco, não lhe convinha uma bolsa de sete contos?’. ‘Ó Doutor António, se você me falasse num conto de réis, eu ainda acreditava, agora sete contos não acredito; mas é claro que me fazia jeito’. Depois saiu o decreto do Balsemão e solicitei a bolsa. Primeiro foram dez contos, depois vinte, foi subindo.

Até que Santana Lopes lhe atribuiu um valor mais razoável: 600 euros.

Havia uma senhora, que ainda é viva, a Maria João Rolo Duarte, mãe do Pedro (Rolo Duarte). Nunca a conheci, mas ela tinha uma página de espectáculos e televisão n’A Capital e começou a escrever uns textos: ‘Então o Luiz Pacheco não tem um subsídio capaz?’. Uma vez, encontrou o Santana Lopes, o Pedro… Bom rapaz, não lhe perdoam por ser um gajo das discotecas e por ter mulheres boas. E ele é bonitote, acho que até ganhou em Lisboa por causa disso, porque as mulheres são mais do que os homens e o voto não é assexuado. Bom, mas a Maria João encontrou-o numa recepção qualquer e disse-lhe: ‘Ó senhor doutor, então o Luiz Pacheco tem um subsídio tão baixinho?’. E tinha. Ele prometeu-lhe que me ia dar mais dinheiro. E deu. Ao fim de uns meses, recebi um aumento de 60 contos. Com retroactivos, foi uma abada bestial.

1 comentário:

Seve disse...

Já li "O Crocodilo que voa" mas já não me lembrava disto...estou farto de me rir -uma maravilha-!

E como nos esquecemos tão rapidamente dos livros que lemos (e este não foi há mais de 5/6 anos).