É
uma interessante crónica de Luís Filipe Castro Mendes publicada no Diário de Notícias, Já tem algumas semanas
mas entendeu-se que a deveríamos reproduzir nesta secção aberta a tudo e mais
alguma coisa.
«Vivemos um tempo em que os partidos social democratas
começaram a ter vergonha de se dizer socialistas, porque “a palavra S” evoca nacionalizações,
mais impostos para os ricos e estratégia económica reguladora do Estado, o que
vai contra a “doxa” económica neo-liberal vigente, que visa remeter o Estado às
estritas funções de soberania, beneficiar fiscalmente os mais ricos e anular qualquer
influência estatal nos domínios económico e social. Em contrapartida, a
extrema-direita perdeu qualquer resquício de vergonha e advoga o racismo, a
xenofobia, o conservadorismo moral e o autoritarismo político, através da
abolição da Constituição que nos rege. Qual seria a reação da nossa imprensa,
dominada pelos ideais da economia liberal, se, algum iluminado de
extrema-esquerda viesse propor uma Quarta República?
As universidades financiadas por empréstimos bancários
aos estudantes, que passarão os primeiros tempos da sua vida profissional a
trabalhar para os bancos, a saúde entregue aos privados, com seguros
exorbitantes a cobrir dificilmente os elevados custos dos tratamentos mais
inovadores, a educação para a desigualdade e não para a cidadania, esta é a
face oculta do paraíso liberal, tão hipócrita e injusto como foi o paraíso
comunista.
Face a esta hegemonia cultural da direita, no que toca
às áreas económica e social, o socialismo democrático retrai-se, abriga-se num
vago “socialismo liberal”, que não seria mais do que um liberalismo de rosto
humano, uma economia desregulada com algum assistencialismo público associado.
Quem me lê dirá que estou a forçar as tintas, a
caricaturar e a desvirtuar os objetivos liberais. Eu penso do neo-liberalismo
que ele constitui uma ideologia extremista a partir dos princípios do
liberalismo clássico, como o marxismo-leninismo (que eu, como social democrata
que sou, distingo do marxismo), e que é expressão dos interesses de um capital
financeiro que veio exercer a sua dominação nociva sobre a economia real. Houve
antes um liberalismo social, aquele que integrou no pós guerra a economia
social de mercado e que durou até ao dia em que Margaret Thatcher descobriu que
não havia sociedade, só mercado.
Esse liberalismo extremista, próximo do
anarco-capitalismo, encontra-se por toda a extrema-direita mundial, salvo
quando o líder da extrema-direita (por exemplo Trump) descobre que esse
neo-liberalismo vai limitar a sua autoridade absoluta e prolongar a abertura ao
mundo que a globalização trouxe, impedindo políticas nacionalistas extremas:
volta então (sempre Trump) ao conservadorismo autoritário tradicional das
extremas-direitas, rompendo com Musk, o tecno-feudalista que desfaz os Estados
com um serrote .
Não durou muito o idílio entre os multimilionários das
tecnologias da informação e o presidente Trump. Mas olhemos para a Europa: a
extrema-direita cresce por todos os Estados e interrogamo-nos até quando a
direita que se reclama da Democracia irá fazer barreira a essa torrente e
manter o seu lema “não é não”. A esquerda, obviamente, deve assumir como sua
missão o combate, sem reservas nem meias palavras, àqueles que querem o
suicídio do regime democrático. O que pode implicar da sua parte alianças e
compromissos com a direita democrática, mas nunca o esquecimento da sua
identidade e da sua diferença.»
Luís Filipe
Castro Mendes no Diário de Notícias
1.
Alterações no programa da disciplina de Cidadania
confirmam “pendor retrógrado” do Governo, acusa a Fenprof.
2.
Dez mil milhões de
euros para reconstruir a Ucrânia., conclusão da Conferência de Recuperação da
Ucrânia, para planear o pós-guerra, realizada em Roma.
3.
A Infraestruturas de
Portugal perdeu 995 milhões de euros de fundos europeus para o projecto de
linhas ferroviárias de alta velocidade.
4.
Portugal é o país que
mais depende de fundos europeus e por cada dez euros gastos pelo sector
público, nove são suportados por verbas de Bruxelas.
5.
A Comissão
Europeia corta verbas para agricultura em 22%.
6
«Era um miúdo, estava a correr para ir para casa, que
era relativamente perto, passou um carro da polícia e abordaram-me. A primeira
coisa que disseram foi: 'Então, preto, o que é que já roubaste?»
Rapper Harold
7.
Dados da OCDE mostram
que sem imigrantes, a população activa em Portugal diminuiria e aquela
organização defende que é preciso continuar a atrair estrangeiros, sobretudo
para áreas menos qualificadas.
8.
Roman Arkadyevich Abramovich ocupa o 311.º
lugar na lista de bilionários da Forbes. Nascido na Rússia, em 2018
tornou-se israelita, encontrou ascendência sefardita da comunidade judaica de
Hamburgo e, em 2021, conseguiu ser português também. O seu nome está associado
a diversos crimes, mas a direita nunca se incomodou.
10.
A proibição de voos
nocturnos entre a uma e as cinco da madrugada, anunciada há sete meses, ainda
não se concretizou e o Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz,
desculpa-se dizendo que a medida “ demora um tempo a ser implementada”.
11
Em Maio havia
1.644.807 utentes sem médico de família, mais 42.230 que no mesmo mês de 2024.
12
Portugal continua a
atrair cada vez mais milionários estrangeiros e deverá somar mais 1400
«indivíduos com património elevado» este ano, indica o mais recente relatório
da consultora britânica Henley & Partners.