Esta é a capa do JL nº 1429, que se supõe ser o último
número.
O director, José Carlos de Vasconcelos, escreve um
angustiante texto em que nos diz que o «JL
não pode morrer?...»
«… porque não sei o que dizer aos nossos
leitores e amigos sobre o futuro do JL. Não sei mesmo se ele voltará a sair…»
Quando em Março de 1981, surgiu o JL, Fernando Namora
gostou muito «sob todos os aspectos»,
Natália Correia também, porque «vem dar a
mão àqueles que estão ávidos de estímulos culturais para se libertarem da
intoxicação política», Miller Guerra também gostou porque há muito se
aguardava um jornal como o JL, mas acabou por notar que a «natureza da colaboração e a sua qualidade, embora excelentes, tornam a
sua leitura, pelo menos para algumas camadas de leitores, um pouco pesada.».
Teresa Clara Gomes foi taxativa:
«Desiludiu-me. Esperava um jornal que me
desse gosto ler., saiu-me mais um dever que um prazer. Acho o conjunto pesado,
tanto na paginação como no conteúdo. Lamento, além disso, o tradicional
elitismo do conceito de cultura subjacente à maioria dos textos. Diz-se que é
um jornal de letras, artes e ideais, e os ideais quase não tocam o tecido cultural
do nosso quotidiano. Esquecem-se, além disso, certas expressões culturais que
nascem de criadores não intelectuais. Espero que isso seja e acidental e não
corresponda a uma intenção dos responsáveis.»
No editorial poderia ler-se: «O JL é, ou pretende ser – na sua origem, no seu estilo e nos seus
objectivos, -algo de novo entre
Nós (…) queremos ser um quinzenário de
cultura potencialmente para toda a gente. Recusamos, pois os códigos das
linguagens cifradas e os exercícios herméticos para pretensos iluminados».
Havia um espaço a ocupar e entendeu-se que o JL iria preencher
esse espaço. Passados 44 anos, salvo alguns episódios, não o terá conseguido.
O JL saía, então, às terças-feiras e custava vinte e
cinco escudos.
É esta a ficha técnica e os colaboradores do 1º número do JL.

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2 comentários:
Como defensor da Cultura, sei que não devia escrever o que sinto. Mas como nunca fui "fretista"...
Eu que até fui assinante, fui percebendo que o "JL" era uma "capelinha", com dois ou três padres e meia dúzia de sacristãos... e, por isso mesmo, há já algum tempo que o deixei de o ler.
Sei que é difícil fazer um jornal do género sem colaboradores fixos, mas já não suportava aquele "rank, rank", um diz bem do livro do amigo, o outro faz a mesma coisa... e depois temos tanto livro bom dos "não amigos", que não tem direito sequer a uma linha...
É a minha opinião, Sammy. Vale o que vale.
Desde o 1º número que o cinzentismo se fixou nas paredes da redacção do JL. Quando o Rodrigues da Silva por lá se instalou, houve uns lampejos, mas a filha da mãe apanhou-o cedo demais - «Não sou um arrependido, um convertido, ou um cristão-novo. Sou um cristão-velho, um escriba velho, um marxista velho e faço parte da esquerda velha. Por isso, sou pela missa em latim, rejeito o novo Acordo Ortográfico, creio na luta de classes e no punho erguido, estremeço quando vejo uma bandeira vermelha com a foice e o martelo, e hei-de ir para a cova com a cagança de jamais ter votado PS (não se esqueçam deste último pormenor, daqui a uns tempos, no meu elogio fúnebre).»
A estranhíssima venda de algumas publicações que Balsemão fez a Luís Delgado teria que dar no que deu!...
Nunca podemos ficar felizes com a morte de um jornal, mas há uma frase sua no comentário que diz tudo: « um diz bem do livro do amigo, o outro faz a mesma coisa... e depois temos tanto livro bom dos "não amigos", que não tem direito sequer a uma linha...».
Abraço.
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