Seguem-se palavras que António Borges Coelho colocou como Nota de Abertura em Crónicas e Discursos.
No topo deste Conversando está
a reprodução dos títulos da Bibliografia de Borges Coelho que se pode ler numa
das badanas do livro.
Impressionante,
simplesmente.
António
Borges Coelho deixou-nos há uma semana. Já o disse, nunca troquei uma palavra
com ele.
Foi preso
pela PIDE em 1956, quando era funcionário do Partido Comunista. Depois de sair
da cadeia, seis anos e meio depois, foi proibido de lecionar até ao 25 de Abril.
Após o 25 de Abril, escreveu Pedro Tadeu, «dedicou-se a construir uma
narrativa plural e crítica, dando voz aos esquecidos da história oficial –
mouros, judeus, camponeses, operários. Foi um dos primeiros professores a
estabelecer práticas democráticas nas aulas e na governação académica
universitária».
Borges Coelho
era um transmontano de Murça. Olham-se as suas diversas fotografias e esse
mundo mostra uma serenidade, um gosto de viver, uma simplicidade quase única,
um saber para além da normalidade do saber.
Atempadamente
a Universidade Portuguesa fez a justiça às suas qualidades de pedagogo, que a
universidade da ditadura não só ignorou como perseguiu. Permitiu-lhe que
passasse a fazer o que sempre gostou: estudar, ensinar.
António
Borges Coelho, enquanto preso político no Forte de Peniche, conheceu bem o som
do mar, viveu na Parede, quase junto a um rio que é um mar.
De novo o som o ressoar o mar
De novo o embalo do tumulto mais antigo
E a inteireza de instante primitivo
De novo o canto o murmurar o mar
Que se repete intacto e sacral
De novo o limpo e nu clamor primordial
Não consegui saber quais os trechos musicais que Borges Coelho gostava de ouvir. Sei que foi profundo admirador de Fernando Lopes Graça, seu camarada e vizinho de rua na Parede. Mas deixei em Música pela Manhã, a canção matinal que Edward Grieg compôs para a peça de Henrik Ibsen Peer Gynt..jpg)
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