sexta-feira, 31 de outubro de 2025

AGRÁRIO E AGRESTE

                                        Ao António Rego Chaves

Sobre as árvores encolhidas que gastavam

a ternura de tudo; severo,

o céu desajeitado avolumou-se.

Na testa do silêncio ao pé dos montes

as pedras adoecem entre o sangue

derrota que se imprime por palavras

se imite diminuta nos alqueives.

Sob a capa da terra e no alcance

dos dedos de fora inesperados

a rotura simples dum soluço

ferindo o estrume em breves plantas novas.

Ao longe o grito do abraço em pé

com as vergonhas cobertas de papel

os prumos os cabos o pão um ovo

o vinho deitado, aqui ao pé do choro. 


Armando Silva Carvalho em Lírica Consumível

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