Ainda
não existia a Amazon, ainda não existia a secção de música clássica da Discoteca
Roma, o meu pai tinha grandes dificuldades em encontrar discos de música
clássica russa. Conseguiu comprar Tchaikovski, Borodine, Rimsky-Korsakov,
Stravinski, Moussorgsky, poucos mais e faltava-lhe Rachmaninov, Shostakovich,
muitos mais.
Nunca leu A Arte, o Artista e a Sociedade de Álvaro Cunhal, publicado em Novembro de 1996, ( o meu pai deixou-nos em Junho de 1990), apesar de ter sido escrito em 1957, nas masmorras da Pide em Peniche.
«Pode, noutro exemplo, conhecer-se a vida e a obra incerta, dificultosa de Rachmaninov. Pode considerar-se que na sua obra há muito que outros fizeram tão bom ou melhor. Pode valorizar-se mais o virtuosismo que a inspiração. Mas não se responda com qualquer apreciação racional ou especializada ao espontâneo encanto do arranque crescente, envolvente e arrebatador do 2º Concerto para Piano e Orquestra.»
Álvaro
Cunhal em A Arte, o Artista e a Sociedade, pág. 76.
Legenda: pormenor da capa de A Arte, o Artista e a Sociedade, por sua vez um pormenor de um quadro de Lucas Cranach, pintor alemão do Renascimento. intitulado Retrato de Mulher.

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