terça-feira, 14 de outubro de 2025

DEIXA-ME PARA ALÉM DAS NUVENS

deixa-me para além das nuvens

no grande descanço das coisas mortas

esquecido

no centro da própria recordação do que se perdeu

levado pela crueldade

dos meus próprios dedos

deixa que tudo seja a sombra

dos rostos solitários

pelo sangue talvez sonho

mas nunca nunca

a solidão da realidade

deixa que o isolamento

do meu corpo

seja o teu próprio isolamento

que os meus lábios te vejam

mais uma vez

a última única primeira

talvez só para mim

dá-me aquilo que nunca te pedi

mas vai

vai só verdadeira.

 

Mário-Henrique Leiria em Poesia


Sem comentários: