quarta-feira, 1 de outubro de 2025

CONVERSAS NA ESPLANADA


Há uns bons três ou quatro anos, que não havia um café decente na rua. Surgiu então o Café Faz Falta com esplanada. A malta, que andava perdida por baiucas do bairro,  passou a assentar praça por ali.

O café fazia mesmo falta no bairro, daí o desenrascanço do nome que o dono lhe transmitiu.

As longas conversas na esplanada já têm história. Dois ou três habituais marcam os temas e a coisa arrasta-se, por vezes, com entusiasmo, por vezes, algum vernáculo.

Ontem, o Dudu não alinhou nem na política, nem no futebol, os sesu temas preferidos

È um entusiasta-mor do telemóvel mas decidiu dizer mal do dito.

«Estou lixado com o telemóvel. Dou por mim a ver coisas que não me interessam para nada, não sei estrelar um ovo mas tenho de gramar as receitas disto e daquilo, a juntar aos cães  a fazer habilidades, velhos a dançar músicas dos anos 60. Detesto o tempo que ando a perder nisto!...»

Aos lamentos, temporários do Dudu, que dependem do vento, ou do «cheirinho no café», juntou-se o Gaspar.

«Às sextas-feiras, lá em casa, acontece o jantar com os filhos e os netos. Gasto dinheiro, horas de trabalho a preparar tudo «comme il faut», para depois não ligarem puto a nada, apenas olham para os telemóveis, não há uma conversa sobre o quer que seja, na passada sexta-feira um neto passou o tempo a ver o Benfica-Gil Vicente, depois do comer, metem os telemóveis ao bolso, e arrancam porta fora, com um «até à próxima  sexta-feira!...»

Vou acabar com esta m…!...» 

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