Há uns bons três ou quatro anos, que não havia um café decente na rua. Surgiu então o Café Faz Falta com esplanada. A malta, que andava perdida por baiucas do bairro, passou a assentar praça por ali.
O
café fazia mesmo falta no bairro, daí o desenrascanço do nome que o dono lhe transmitiu.
As
longas conversas na esplanada já têm história. Dois ou três habituais marcam os
temas e a coisa arrasta-se, por vezes, com entusiasmo, por vezes, algum vernáculo.
Ontem,
o Dudu não alinhou nem na política, nem no futebol, os sesu temas preferidos
È
um entusiasta-mor do telemóvel mas decidiu dizer mal do dito.
«Estou
lixado com o telemóvel. Dou por mim a ver coisas que não me interessam para
nada, não sei estrelar um ovo mas tenho de gramar as receitas disto e daquilo,
a juntar aos cães a fazer habilidades,
velhos a dançar músicas dos anos 60. Detesto o tempo que ando a perder
nisto!...»
Aos
lamentos, temporários do Dudu, que dependem do vento, ou do «cheirinho no café»,
juntou-se o Gaspar.
«Às
sextas-feiras, lá em casa, acontece o jantar com os filhos e os netos. Gasto
dinheiro, horas de trabalho a preparar tudo «comme il faut», para depois não
ligarem puto a nada, apenas olham para os telemóveis, não há uma conversa sobre
o quer que seja, na passada sexta-feira um neto passou o tempo a ver o
Benfica-Gil Vicente, depois do comer, metem os telemóveis ao bolso, e arrancam
porta fora, com um «até à próxima sexta-feira!...»
Vou
acabar com esta m…!...»
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