Woody Allen tal como escreve na sua autobiografia: «O Outono é uma questão completamente diferente, mas não menos emocional. Para mim, é a altura do ano mais bela».
O escritor e cronista gastronómico Manuel Guimarães,«já não há malgas de marmelada nas montras das pastelarias.».
Sempre
lembro de me perguntar: os marmelos anunciam o fim do Verão ou o princípio do
Outono?
Uma
pergunta, como outra qualquer, e para a qual não se exige resposta.
A
minha avó fazia uma extraordinária marmelada no findar de Setembro e daí fiquei
a saber que não poderá haver melhor marmelada que a caseira e nesse ponto a da
minha avó Brígida.
Ficava
sempre uma tigela guardada para a véspera de Natal.
Também
enchia grandes frascos com quartos de marmelo que eram cosidos em água e
açúcar.
Neste
Dia, José Gomes Ferreira a abrir, 1 de Outubro de 1965, o 1º volume dos
seus Dias Comuns:
«Entreguei há 3 dias,
na Portugália, (e com que desalento desabrido) o meu Diário Inventado. E hoje,
talvez para amortecer este fogo frio, que tanto me tortura nas antevésperas da
publicação de livros novos, acordei a perguntar-me; “e se eu agora escrevesse
(mas só para mim) um diário real dos dias comuns – no seguimento do fadário
diarístico que me persegue desde a infância?” (Diários, diários, diários!....).
Demais, está uma manhã de sol dourado, com folhas secas a apodrecerem o chão de
amarelo e aquele brisa fina de haver alguém no ar a esgrimir um florete de
toque invisível que nos arrepia a pele – tema mesmo de propósito para esta
primeira página. Pois, se bem me recordo, quase todos os meus diários do
passado nasceram sob o signo do friozinho outonal e dos marmelos assados –
oferecidos no lusco-fusco dos pregões friorentos de Lisboa… Mas vou desfazer o
tema. Basta de literatura e de marmelada.»

Sem comentários:
Enviar um comentário