quarta-feira, 1 de outubro de 2025

NESTE DIA


Woody Allen tal como escreve na sua autobiografia: «O Outono é uma questão completamente diferente, mas não menos emocional. Para mim, é a altura do ano mais bela».

O escritor e cronista gastronómico Manuel Guimarães,«já não há malgas de marmelada nas montras das pastelarias.».

Sempre lembro de me perguntar: os marmelos anunciam o fim do Verão ou o princípio do Outono?

Uma pergunta, como outra qualquer, e para a qual não se exige resposta.

A minha avó fazia uma extraordinária marmelada no findar de Setembro e daí fiquei a saber que não poderá haver melhor marmelada que a caseira e nesse ponto a da minha avó Brígida.

Ficava sempre uma tigela guardada para a véspera de Natal.

Também enchia grandes frascos com quartos de marmelo que eram cosidos em água e açúcar.

Neste DiaJosé Gomes Ferreira a abrir, 1 de Outubro de 1965, o 1º volume dos seus Dias Comuns:

«Entreguei há 3 dias, na Portugália, (e com que desalento desabrido) o meu Diário Inventado. E hoje, talvez para amortecer este fogo frio, que tanto me tortura nas antevésperas da publicação de livros novos, acordei a perguntar-me; “e se eu agora escrevesse (mas só para mim) um diário real dos dias comuns – no seguimento do fadário diarístico que me persegue desde a infância?” (Diários, diários, diários!....). Demais, está uma manhã de sol dourado, com folhas secas a apodrecerem o chão de amarelo e aquele brisa fina de haver alguém no ar a esgrimir um florete de toque invisível que nos arrepia a pele – tema mesmo de propósito para esta primeira página. Pois, se bem me recordo, quase todos os meus diários do passado nasceram sob o signo do friozinho outonal e dos marmelos assados – oferecidos no lusco-fusco dos pregões friorentos de Lisboa… Mas vou desfazer o tema. Basta de literatura e de marmelada.»

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