Willie Nelson é um dos meus cromos de estimação.
Um rapaz que tem tudo para deixar um tipo à beira de um ataque de nervos, mas
que lhe dá um imenso gozo ouvir, que o dispõe bem, que consegue, mesmo que por
um instante breve, olhando os dias que correm, ele coloque de lado a
probabilidade de o desespero ser um rastilho que pode derrubar ditaduras, mas
também democracias.
Segundo
o livro do Keith Richards, Willie Nelson quando se levanta da cama,
"mete" logo um charro na boca, enquanto Richard só o faz, passados
uns 10 minutos.
Certo
que Willie é mais velho dez anos que Keith. Olha-se a cara dos dois e fica-se a
saber que o lado certo dos charros está no Willie.
Conheci um louco, coleccionador de melancolias, e ainda anda por aí, que diz
que há poucas coisas melhores do que um bom charro ao abrir os olhos pela manhã
ressacada.
Há uns anos, em Louisiana, numa operação stop, foi mandado parar.
Um daqueles polícias americanos, que nos filmes aparecem gingões, de óculos escuros espelhados e a mascar chiclet, aproximou-se.
Quando Willie abriu o vidro da janela, para lhe mostrar os documentos, uma enorme nuvem de marijuana envolveu o bófia.
Foi um sarilho.
Estavam à espera de quê?
Que o velho Willie exalasse delicados aromas de Paco Rabanne?
Há meses largos, numa sessão tv-zappingando, para afastar uma insónia a dar para o estúpido, apanhou-o, com canções bem bonitas na banda sonora do filme "Caminhos Inesperados" de Bart Freundlich, com a Julianne Moore.
O que ele gosta de Julianne Moore.
O Robert Altman também gostava.
Legenda: Willie Nelson, a dormer profundamente, fotografado por Chris Bick.
Sem comentários:
Enviar um comentário