No Verão de 1968 o país assistia a uma das greves com maior e impacto e adesão popular: a greve dos cobradores da Carris: autocarros e eléctricos circularam sem que fossem cobrados bilhetes.
José Gomes Ferreira, no 5º volume dos seus “Dias Comuns”, deixa-nos um relato dessa luta.
1 de Julho de 1968
Dia de grande comoção pública.
Os empregados dos eléctricos e dos autocarros puseram-se em greve. Mas, em vez de imobilizarem os carros resolveram pô-los ao serviço dos passageiros, sem cobrar bilhetes.
Resultado: uma autêntica obra-prima de unanimidade rara.
4 de Julho de 1968
“Terminou a greve do pessoal dos autocarros que, durante três dias, iluminou Lisboa de preguiça heróica que vai ficar como um orgulhoso paradigma da luta dos operários portugueses.
O Governo reagiu debilmente e a ineficácia do sistema corporativo parece agora de tal evidência que até fere os olhos mais cegos.
A vitória dos grevistas (apesar de magra, 20 escudos por dia!) não cairá em saco roto – creio-o bem.”
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