Habitamos
uma casa quando
a sombra dos nossos gestos
fica mesmo depois
de fecharmos a porta.
Margarida
Ferra em Curso Intenso de Jardinagem
Legenda: fotografia de Luís Eme
Habitamos
uma casa quando
a sombra dos nossos gestos
fica mesmo depois
de fecharmos a porta.
Margarida
Ferra em Curso Intenso de Jardinagem
Legenda: fotografia de Luís Eme
Tereza Batista Cansada de Guerra
Jorge Amado
Capa: Manuel
Dias
Círculo de
Leitores, Lisboa, Maio de 1983
O mar se abriu e se fechou. Tereza suspira aliviada.
Gereba pergunta’
- Tem mais algum? Se tem, a gente aproveita e joga no mar.
por aqui perto descarreguei a minha falecida.
Tereza lembrou-se daquele que não chegara a ser,
arrancado do seu ventre antes da hora do nascimento. Pôs a mão sobre a de
mestre Januário Gereba, Janu do bem-querer, fazendo-o mover o leme, mudar o
rumo da saveiro, dirigindo-o para pequena enseada entre bambus na margem do
golfo, escondido remanso. Estende-se Tereza na popa do saveiro:
- Venha e me faça um filho, Janu.
- Sou bom nisso como quê.
Ali, na barra da manhã, rio e mar.
Rua
Azedo Gneco em 1949.
Onde?
Será
Chaves? Será Vila Real? Será Porto? Será Lisboa?
Por
vezes, o Eduardo, quando fala de ruas, nem sempre indica a cidade.
Importa
saber?
Rua
Azedo Gneco em 1949.
O
Eduardo fala de escadas de serviço, junto-lhe traseiras de casas, de que tanto
gosto. Vão desaparecendo na voragem dos prédios demolidos para abrir
construções novas.
«Rua Azedo em 1949. Nas
escadas de serviço: corridas, perseguições, casas abandonadas, outras escadas
de serviço. O terrível pormenor de uma tesoura aberta, a discussão, o pontapé a
atingir-lhe o sexo que logo ali sangrou. Daí. A clínica, raios ultra-violetas,
vergonha, e um sinal agora nítido na erecção que talvez excite e interesse e
que lhe faz recordar uns clandestinos pães com marmelada ou os livros Zé
Fagulha comprados em Natal precário de que mais tarde se fala nas obras
completas ao referir a destruição de qualquer coisa a exigir muitas mais
páginas.»
Eduardo Guerra Carneiro em É Assim que se Faz a História
Legenda:
fotografia Shorpy
Ao
António Rego Chaves
Sobre as árvores
encolhidas que gastavam
a ternura de tudo;
severo,
o céu desajeitado
avolumou-se.
Na testa do silêncio ao
pé dos montes
as pedras adoecem entre
o sangue
derrota que se imprime
por palavras
se imite diminuta nos
alqueives.
Sob a capa da terra e
no alcance
dos dedos de fora inesperados
a rotura simples dum
soluço
ferindo o estrume em
breves plantas novas.
Ao longe o grito do
abraço em pé
com as vergonhas
cobertas de papel
os prumos os cabos o
pão um ovo
o vinho deitado, aqui ao pé do choro.
Armando Silva Carvalho em Lírica Consumível
A
bem de tudo, e mais alguma coisa, Aquela Coisa nunca deveria ter sido
aceite pelo Tribunal Constitucional.
O
advogado António Garcia Pereira quer que o Ministério Público accione os mecanismos
legais que levem à extinção daquela coisa.
Nada
a fazer.
Acordamos
sempre tarde!
Os Problemas da Filosofia
Bertrand Russell
Tradução e
Prefácio de António Sérgio
Colecção Stvdivm
nº 16
Arménio Amado,
Editor, Coimbra 1959
Existe, acaso, qualquer conhecimento tão certo, que nenhum homem razoável possa dele duvidar?
Muita gente me tem falado a meu respeito
como quem me chamasse pelo nome e eu me voltasse
e nesse nome dito nessa boca fosse toda a minha vida
e eu morresse quando entre pinhais quem me chamara a fechasse
Muita gente me tem falado a meu respeito
mas eu cresço e decresço não reparo e anoitece
e já nem sei ao certo quantos dias meço
Regresso com o gado contra o sol rasante
Mas é de névoa ou fumo o algodão que cobre as casas
aonde regressamos atraídos pela luz que já nos campos se consome?
Os ciprestes os pássaros saúdam-me e eu passo
com um olho vazado transpareço o meu passado
e tudo esqueço e peço mesmo a Deus que esqueça quanto sou
além dessa medida simples onde me vasou
Sabermos nós que a face de algum mar ao pôr-do-sol pode mudar
e nenhum dia-a-dia consentir ao homem mais que a morna superfície
dos gestos por que troca a mais íntima morte que merece
Nada na minha poesia é meu
juro por Deus dizer toda a verdade
Ponho a mão na cabeça o dia é escuro e vago e eu respiro
Espero pela manhã como quem nasce
Ninguém sabe o meu nome porque
eu já perdi ao longe alguns dos olhos
e fui feliz em cafés de província onde me vi sentar
Digam que foi mentira, que não sou ninguém,
que atravesso apenas ruas da cidade abandonada
fechada como boca onde não encontro nada:
não encontro respostas para tudo o que pergunto nem
na verdade pergunto coisas por aí além
Eu não vivi ali em tempo algum
É de manhã caminho nem meus passos oiço
oitenta passos diz-se que darei
Vão-se fechando os dois alinhamentos das moradas
arredonda-se o largo, alguns problemas camarários
Duvido de mim próprio: quem serei?
O carro rega coisas tão profundas como esta
Meu Deus meu Deus, que mal eu fiz?
Eu estive em Dinard e vou talvez casar
Acordo e transistorizo os dois ouvidos numa música abundante
Muita gente me tem falado a meu respeito
mas eu cresço e minguo certas vezes anoitece
Sou coisa que se molha encolhe e envelhece
tudo me aquece e tudo me arrefece
Dois pés e duas mãos, algumas pás de terra
E sabem mesmo que o meu nome é Rá, por isso me conhecem
Sou a doença e sou onde me dói
sou sítio onde se nega que se morre
Tem graça haver quem fale a meu respeito
Uma Campanha Alegre
De «As Farpas»
1º volume
Eça de Queiroz
Lello & Irmão Editores Porto s/d
Junho de
1871
Aproxima-te um pouco de nós, e vê.
O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os
costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem
por única direcção a conveniênci a. Não há princípio que não seja
desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não
existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade
dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e
na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma
rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao
acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual,
intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se,
envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína
económica cresce, cresce, cresce... O comércio definha, A indústria enfraquece.
O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal
como um ladrão e tratado como um inimigo.
Neste salve-se quem puder a burguesia proprietária de casas explora o aluguel. A agiotagem explora o juro.
Num dos seus primeiros poemas, disse Sophia:
Tudo me é uma dança em
que procuro
A posição ideal,
Seguindo o fio dum sonhar obscuro
Onde invento o real.
À minha volta sinto naufragar
Tantos gestos perdidos
Mas a alma, dispersa nos sentidos,
Sobe os degraus do ar…
Contam os filhos, que Sophia gostava de dançar, e dançava em casa, nas pedras dos passeios, ao mesmo tempo que recitava poemas em voz alta.
Num
convívio, em Abril de 1995, de vinhos e petiscos alguém disse que era giro
fazer uma casa de petiscos para a feira de Maio em Estremoz.
Assim
foi e chamaram-lhe Cozinha dos Ganhões.
Ganhão,
dicionariza o livro é «o que trabalha com as juntas de bois,. Aquele que executa
qualquer trabalho.»
«Cada
tasca, cada restaurante, cada cozinheiro, em dias diferentes, apresentaram as
suas especialidades.»
Em
Maio de 1994 publicou-se o livro com o mesmo nome, Apresentação gráfica de
Armando Alves, prefácios de Borges Coelho e Helder Pacheco, receitas alentejanas,
um série de depoimentos com gentes alentejanas a contarem o que foram as suas fomes,
as suas vidas em tempos de ditadura.
Este
é o prefácio de António Borges Coelho:
João Miguel Fernandes Jorge iniciou um Diário, no primeiro dia em que, juntamente com Maria Helena Freitas, se iniciaram os trabalhos de montagem,
O
livro é muito interessante. Volta e meia pego-lhe.
Neste
Dia, estamos em 8 de Agosto de 2003, um domingo, Amsterdão: flores, pinturas.
Legenda: Interior em Arcachon de Manet.
Benjamim
Netanyahu não está interessado na paz.
A Donald Trump uma só coisa importa: negócios e agarrado a isso, money, money, money:
«Netanyahu troçou de Biden, e nunca se deu na perfeição com os democratas,
mas acabou nas mãos de um republicano que tem os seus próprios projectos
económicos para a Riviera e sócios árabes para o concretizarem.»
Extinguem-se as vozes que acompanharam a nossa juventude:
nem um murmúrio, nem um
fio de água permanecerá
de tudo qunto fomos; e
agora, vêm as hienas do passado
arreganhar os dentes
contra o que ousámos transformar!
Também morrerão as hienas.
Grandes monumentos de pedra,
de que não conheceremos
mais o sentido
permanecerão solenes,
inertes, no meio do trânsito das cidades;
tal a leitura que os vindouros
irão fazer
das nossas vidas.
Luís
Filipe Castro Mendes em Poemas Reunidos
Sim, há a frase atribuída a Voltaire: «Não concordo com o que dizes, mas defendo até à morte o direito de o dizeres.», mas o Tribunal Constitucional nunca deveria ter aprovado a criação de Aquela Coisa. Tudo aquilo é gente indigente, desclassificada. Os cartazes colocados, agora, em diversas localidades, não têm nada a ver com propaganda eleitoral para as presidenciais, incluem frases como "Isto não é o Bangladesh" e "Os ciganos têm de cumprir a lei", estão a desencadear diversas queixas por discriminação.
Farid
Ahmed Patwary, um dos representantes da comunidade do Bangladesh em Portugal,
questiona: «Como pode um candidato à Presidência da república espalhar ódio por
outro país?
O presidente de aquela coisa recebe das televisões - e não só! - , por motivos pouco claros, obscenos direi, uma atenção mais que vergonhosa. Não há mais ninguém que tenha essa visibilidade. Não há peido que dê, que não estejam presentes as câmaras de televisão para o registar. Foi esta a criatura que as televisões – e não só! - criaram, e não se poderá esquecer que foi uma televisão de sargeta que lhe proporcionou, como comentador de futebol, o estágio para chegar onde chegou, ao ponto de, ontem ter gritado na Assembleia da República, que são precisos 3 salazares para endireitar o país, que ele chama de «bandalheira»
Legenda: imagens da Sic Notícias e da Rádio Renascença.
Dizem alguns directores
literários
(e accionistas da própria propaganda)
que «o Sena não se vende». E é verdade:
Não vende. Só as putas se vendem.
E em Portugal são tantas que não há
bolsas bastantes para comprá-las,
nem caralhos bastantes
para fodê-las como mereciam.
Jorge de Sena
O mal de quem apaga as estrelas é não se lembrar de que não é com candeias que se ilumina a vida.
Miguel
Torga citado por Miguel Carvalho em Álvaro Cunhal: Íntimo e Pessoal
Um
sábado chuvoso e 86.297 exerceram o seu voto, aqui e além fronteiras.
Um record de votantes a nível mundial em clubes desportivos. O anterior pertencia, desde 2010, ao Barcelona com 57.098 votantes.
19
de Abril de 1972
2º
mão das meias finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus
Em
Amsterdão o Benfica perdera por 1 a 0.
Em
Lisboa não passaram de um empate a zero.
Artur Portela Filho no República:
«A estes ninguém os
meteu em autocarros.
São oitenta mil e foram
eles que escreveram os cartazes.»
Provam que a multidão
pode ser um acto voluntário.
Provam que o entusiasmo
pode ser um acto espontâneo.
A diferença entre a
política e a sociologia chama-se Benfica. Um Benfica é o que é – indústria do
músculo. Fábrica de chutos, catedral de taças – e mais aquilo que nada mais
consegue unir.
O Benfica foi inventado
para substituir a Política.
Agora, que a Política
quer regressar, encontra o lugar tomado. 80.000 lugares tomados.»
Vieste como um barco carregado de vento, abrindo
feridas de espuma pelas
ondas. Chegaste tão depressa
que nem pude
aguardar-te ou prevenir-me; e só ficaste
o tempo de iludires a
arquitectura fria do estaleiro
onde hoje me sentei a
perguntar como foi que partiste,
se partiste,
que dentro de mim se
acanham as certezas e
tu vais sempre ardendo,
embora como um lume
de cera, lento e
brando, que já não derrama calor.
Tenho os olhos azuis de
tanto os ter lançado ao mar
o dia inteiro, como os
pescadores fazem com as redes;
e não existe no mundo
cegueira pior do que a minha:
o fio do horizonte
começou ainda agora a oscilar,
exausto de me ver entre
as mulheres que se passeiam
no cais como se
transportassem no corpo o vaivém
dos barcos. Dizem-me os
seus passos
que vale a pena
esperar, porque as ondas acabam
sempre por quebrar-se
junto das margens. Mas eu sei
que o meu mar está
cercado de litorais, que é tarde
para quase tudo. Por
isso, vou para casa
e aguardo os sonhos,
pontuais como a noite.
Maria
do Rosário Pedreira em O Canto do Vento nos Ciprestes
Mariana Mortágua, deputada única do Bloco de Esquerda, anunciou que não se recanditará à liderança do partido.
Do editorial de hoje do Público:Discussões
sobre tudo e mais alguma coisa, mexericos, má-língua. No preciso momento há
quem fique amuado, mas ao outro dia tudo passou.
Quando
as coisas aquecem há sempre o Dudu que lança o seu grito de calmaria:
-
Eh pá! Mas vocês pensam que isto é a casa da Irene?
Na
casa da Irene pode cantar-se, pode rir-se, pode dizer-se em voz alta, um poema
de Manuel Bandeira.
Porque
não!?
Irene
no Céu
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
Seguem-se palavras que António Borges Coelho colocou como Nota de Abertura em Crónicas e Discursos.
No topo deste Conversando está
a reprodução dos títulos da Bibliografia de Borges Coelho que se pode ler numa
das badanas do livro.
Impressionante,
simplesmente.
António
Borges Coelho deixou-nos há uma semana. Já o disse, nunca troquei uma palavra
com ele.
Foi preso
pela PIDE em 1956, quando era funcionário do Partido Comunista. Depois de sair
da cadeia, seis anos e meio depois, foi proibido de lecionar até ao 25 de Abril.
Após o 25 de Abril, escreveu Pedro Tadeu, «dedicou-se a construir uma
narrativa plural e crítica, dando voz aos esquecidos da história oficial –
mouros, judeus, camponeses, operários. Foi um dos primeiros professores a
estabelecer práticas democráticas nas aulas e na governação académica
universitária».
Borges Coelho
era um transmontano de Murça. Olham-se as suas diversas fotografias e esse
mundo mostra uma serenidade, um gosto de viver, uma simplicidade quase única,
um saber para além da normalidade do saber.
Atempadamente
a Universidade Portuguesa fez a justiça às suas qualidades de pedagogo, que a
universidade da ditadura não só ignorou como perseguiu. Permitiu-lhe que
passasse a fazer o que sempre gostou: estudar, ensinar.
António
Borges Coelho, enquanto preso político no Forte de Peniche, conheceu bem o som
do mar, viveu na Parede, quase junto a um rio que é um mar.
De novo o som o ressoar o mar
De novo o embalo do tumulto mais antigo
E a inteireza de instante primitivo
De novo o canto o murmurar o mar
Que se repete intacto e sacral
De novo o limpo e nu clamor primordial
Não consegui saber quais os trechos musicais que Borges Coelho gostava de ouvir. Sei que foi profundo admirador de Fernando Lopes Graça, seu camarada e vizinho de rua na Parede. Mas deixei em Música pela Manhã, a canção matinal que Edward Grieg compôs para a peça de Henrik Ibsen Peer Gynt.A
manhã, em Lisboa, acordou, por enquanto, cinzenta. Pode ser que o Sol consiga
romper as nuvens.
Or aqui , falarei que o historiador e poeta António Borges Coelho, nos deixou há
uma semana.
De que músicas gostava Borges Coelho
Admirava a música de Fernando Lopes Graça.
Contudo,
sei lá bem porquê lembrei-me de Edward Grieg, da canção matinal que compôs para
a peça de Henrik Ibsen Peer Gynt.
Gostará, certamente.
«Se na PSP e na GNR
faltam profissionais, na PJ o problema assenta na falta de experiência e
especialização. O que esperar da polícia quando ser polícia interessa a cada
vez menos pessoas?»
A
Lupa, passando os olhos pelo artigo, reteve a frase:
«Os
jovens preferem ir para uma caixa de supermercado».
Tão
dramática, como triste, a conclusão a que se chega.
E
ainda o trabalhador Luís, mais a sua troupe de artistas, diz que o governo
apenas pensa no bem-estar dos portugueses…
«Neste ano fecharam 37
salas de cinema em multiplex e mais nove estarão em vias de se apagar
Desde o início do ano, Portugal perdeu 37 ecrãs de cinema e está em vias de ver
extinguirem-se mais nove, num total de 46, fruto do encerramento dos multiplexes,
ou conjuntos de multissalas, da Nos, Cineplace e UCI nas localidades da Maia,
Vila Nova de Gaia, Viseu, Tavira, Guia, Seixal e Funchal. Num momento em que a
exibição cinematográfica em sala tenta acompanhar os níveis de receitas e
afluência de 2024 — tendo perdido, até ao final de Setembro, 4,3% dos espectadores
face ao mesmo período do ano anterior —, estes encerramentos resultam tanto de
decisões dos exibidores como dos promotores dos espaços, os proprietários dos
centros comerciais. Os multiplexes estarão a perder rentabilidade numa crise
mais ou menos silenciosa da exibição?
No último mês foi noticiado pela agência Lusa o fecho dos cinemas do Maia Shopping
e do Tavira Grand Plaza, ambos da Nos Cinemas. Entretanto fecharam as seis
salas do Fórum Viseu, também da Nos Cinemas. E, como noticiou a Lusa há um mês,
também o Arrábida Shopping, em Vila Nova de Gaia, pode perder nove dos seus 20
ecrãs, explorados pela UCI Cinemas (a terceira maior exibidora do país). A
desafectação do espaço correspondente às nove salas da actividade
cinematográfica, que por lei tem de ser feita por pedido à Inspecção-Geral das
Actividades Culturais (IGAC), já foi autorizada. O centro comercial pertence à
Sonae Sierra. A maioria destas 20 salas continua em funcionamento à data de
publicação desta notícia.»
Hei-de
mandar arrastar com muito orgulho,
Pelo pequeno avião da propaganda
E no céu inocente de Lisboa,
Um dos meus versos, um dos meus
Mais sonoros e compridos versos:
E será um verso de amor...
Alexandre
O’ Neill de Tempo de Fantasmas em No Reino da Dinamarca
O Mito de Don Juan e o Donjuanismo em Portugal
Urbano Tavares
Rodrigues
Colecção Ensaio
Edições Ática,
Lisboa, Janeiro de 1960
Escrever, com desejo de seriedade, sobre «Donjuanismo» é, de certo modo, ingrato e de uma pesada responsabilidade, ainda que fascinante, dada a latitude que o tema, riquíssimo nos seus múltiplos desdobramentos e implicações, em quatro séculos e meio foi ganhando, a ponto de resumir hoje, aos olhos de não poucos ensaístas, algumas das qualidade maiúsculas do homem, investidas no «pecado» ou no crime, e de consentir os ângulos de visão mais paradoxais e artificiosos funambulismos da inteligência.
Que
na transparência de um outono
o vento avive
a voz que na sombra aceita o fogo
e ressoe na claridade das árvores e dos muros
como uma música que dilacera e que consola
a funda ferida que só ela abre e estende até à luz.
Com as veias, com os lábios, com os pulsos brancos
o corpo há-de tecer o contorno do vento
quando os vestígios das folhas vão libertando o sangue
e protegem as espáduas como num repouso vibrante.
Alguém dirá a esperança, os gomos transparentes
da vida voltada para a vida, a presença incandescente
em cada arbusto, a harmonia que reina um instante
nos seus élitros brancos, num fulgor absoluto.
António
Ramos Rosa de O Calcanhar do Vento em
Obra Poética Vol. 1
São
úteis, alguns comentários que os leitores fazem nas páginas dos jornais, às
notícias, aos artigos de opinião que por lá se publicam.
Outros
são penosos, a esmagadora maioria, verdadeiramente inqualificáveis, que nos
colocam no limiar do vómito.
Deveriam
ser proibidos?
Deveriam
ser retirados esses penosos comentários?
Teremos
sempre de lembrar a frase atribuída a Voltaire:
«Posso não concordar com o que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de o dizer.»
O leitor António Cunha, num artigo, no Público, sobre «aquela coisa», deixou este útil comentário:
«Portanto, a direita que vai a Fátima e à missa ao domingo não faz uso do que aprende nas congregações que frequentam!»
Aparentemente,
não há um fim à vista.
A
entrada em cena de Donald Trump veio prejudicar, ainda mais, o que parece vir a
acontecer: uma guerra interminável.
Teresa
de Sousa, no Público de 19 de Setembro, coloca em título uma frase esmagadora:
«Trump dá (mais) duas
semanas a Putin para destruir a Ucrânia»
E
acrescenta:
«Toda a gente sabe que
o Presidente russo não aceita nada menos do que a capitulação de Kiev. A sua
estratégia imperial não é compatível com qualquer solução que não seja uma
vitória.
Quantas vezes já vimos
esta cena? Quando tudo levava a crer que Donald Trump, frustrado com os
resultados da cimeira do Alasca, impressionado com a capacidade de resistência
dos ucranianos, desejoso de somar o “nono” sucesso na resolução de conflitos
que duravam “há 3 mil anos”, parecia disponível para fazer a balança cair para
o lado a Ucrânia, tivemos na sexta-feira, directamente da Casa Branca, um
espectáculo que nos diz o contrário.
Acima
de tudo um jornalista, o Expresso em tempos de ditadura é uma pedrada no
charco.
Carlos Moedas é um político deprimente.
Saber
que o teremos a dirigir Lisboa por mais 4 anos, é um enorme pesadelo, um circo
de horrores.
A oposição pede responsabilidades políticas à gestão de Carlos Moedas na câmara de Lisboa, depois de o relatório preliminar sobre o acidente com o elevador da Glória, ter concluído que o cabo não estava certificado para transporte de passageiros, e ter arrasado a manutenção por uma empresa externa.
«A gravidade da
situação não pode merecer, da parte do presidente da câmara, apenas a
referência de que isto não é um problema político, mas sim um problema técnico».
Valentina
Marcelina, editorial do Diário de Notícias:
«É uma recomendação
óbvia e tardia. Este relatório preliminar não fixa culpas penais. Essa é tarefa
do Ministério Público, que aguardaremos e não esqueceremos - foram 15 vidas o
resultado desta cadeia de irresponsabilidades.
Ao apontar para
responsabilidades institucionais, o GPIAAF evidencia o retrato de uma falência
de sistema. Uma empresa pública que não controla o que compra, um Estado que
não supervisiona o que transporta e uma cidade que confiou num símbolo sem
garantir a sua segurança. A tragédia não foi inevitável. Estavam lá os sinais.
Foi anunciada.»
Como será estar contente?
Lançar os olhos em
volta,
moderado e complacente,
e tratar toda a gente
sem tristeza nem
revolta?
Sentir-se um homem
feliz,
satisfeito com o que
sente,
com o que pensa e com o
que diz?
Como será estar
contente?
Deve haver alguma
mecânica,
qualquer retesada mola
que se solta e
desenrola
no próprio instante
preciso,
para que um homem de
carne,
de olhos pregados no
rosto,
possa olhar e rir com
gosto
sem estranhar o som do
riso.
Na minha tosca
engrenagem,
de ferrugenta sucata,
há qualquer mola de
lata
que não se distende
bem,
qualquer dessorada
glândula
ou nervo que não se
enfeixa,
qualquer coisa que não
deixa
deflagrar essa
girândola
de timbres que o riso
tem.
Não ter riso e não ter
casa,
nem dinheiro nem saúde,
não se conta por
virtude
que a miséria é ferro
em brasa.
Mas ter casa, ter
dinheiro,
ter saúde e não ter
riso,
flagelar-se o dia
inteiro
como se o sangrar
primeiro
fosse um tormento
preciso,
tê-lo sempre forte e
vivo,
espantado a todo o
momento,
isso sim, será motivo
de grande
contentamento.
António
Gedeão em Poesias Completas
Perante o relatório preliminar sobre o trágico acidente do elevador da Glória, o presidente da Câmara de Lisboa entendeu realçar: «a infeliz tragédia do elevador da Glória foi derivada de causas técnicas e não políticas».
Na
noite em que em que obteve novo mandato para a presidência da Câmara, Moedas
confidenciou que sempre confiara na lucidez dos lisboetas e verificou que isso
aconteceu e mais uma vez acreditaram em nós e agora sim, há condições para
fazer mais na cidade de Lisboa.
Carlos
Moedas é um político medíocre,medroso,incompetente.
Em
quatro anos, tirando as cenas circenses que compõe e inventa, não se preocupou,
minimamente com o gravíssimo problema da
habitação, o caos da mobilidade, a degradação e o desleixo de vários espaços
comuns de lazer, à sujidade de passeios e ruas, a limpeza urbana, além da falta
de iluminação.
Que
face a este descalabro citadino, alguns lisboetas ainda lhe tenham dado novo
mandato, é necessariamente um caso de estudo.
1.
Isabel tem salário de 900 euros e renda de 750:
“Vejo-me neste papel de ser pobre”
Mãe e filha estão em risco de pobreza, com um
rendimento inferior a 632 euros per capita (por adulto, no caso). Fintam a fome
graças à ajuda de uma associação. Uma história entre 1,8 milhões.
- lido no Público.
2.
O risco de
pobreza das mulheres continua a aumentar
face ao homens. São 17,6% contra 15,4%, o que se explica pelo facto de os
seus salários serem em geral muito baixos, assim como todas as prestações
que deles dependem. «A relação entre mulheres e pobreza assenta
nos baixos salários e pensões, na desigualdade remuneratória, na discriminação,
na precariedade laboral, na desvalorização do trabalho doméstico e de cuidados
não remunerados e no maior desemprego das mulheres».
3.
Uma das maiores
empresas mundiais, a Nestlé, anunciou o despedimento de 16 mil trabalhadores ao
longo dos próximos dois anos.
4.
Um comboio
Intercidades da CP que ligava Lisboa a Faro perdeu uma carruagem a meio da
viagem, quando o engate que ligava duas carruagens se partiu, aparentemente por
deficiente manutenção do equipamento.
5.
Mais de 15% dos portugueses não conseguem aceder a cuidados dentários por
razões financeiras. Se as contas forem feitas apenas para a população em risco
de pobreza, a proporção dispara para os 32,5%.
6.
Só os loucos cantam na rua. Faz falta gritar. Grito.
António Borges
Coelho em Crónicas e Discursos
Será
com certeza o livro mais conhecido, mais lido de Eça de Queiroz.
Grande
parte das edições dos livros de Eça que fazem parte da Biblioteca da Casa, são
os que a Lello & Irmão editaram.
Foi num desses livros que li pelos meus 13 anos, A Cidade e as Serras.
Acontece – e aconteceu algumas vezes – que o livro desapareceu.
Num escritório de import-export, meu primeiro emprego, os processos, volta e meia, não apareciam. O patrão alemão clamava «onde está o processo da Miele?». Silêncio gritado na pequena sala.
Voltava o alemão, sr. Heick de seu nome: «
foi para a praia?»
Por
onde anda o livro do Eça editado pela Lello & Irmão, tantas vezes lido, tantas vezes manuseado?
O
exemplar que agora existe, comprei-o num alfarrabista. A edição do Círculo
informa que o livro tinha uma sobrecapa de Antunes. Mas o alfarrabista garantia
que o livro já o comprara sem a sobrecapa.
Razão
da deselegância desta capa do livro que se publica.
Mas
não sairei sem voltar a ler o pedacinho em que Eça fala do arroz de favas e dos
peitos trementes da «formidável moça, de enorme peitos que lhe tremiam
dentro das ramagens do lenço cruzado»
Que maravilhosos Eça de Queiroz!
«… Santo Deus! Há anos
que não sinto esta fome.
Foi ele que rapou
avaramente a sopeira. E já espreitava a porta, esperando a portadora dos
pitéus, a rija moça de peitos trementes, que enfim surgiu, mais esbraseada,
abalando o sobrado – e pousou sobre a mesa uma travessa a transbordar de arroz
com favas. Que desconsolo! Jacinto, em Paris, sempre abominava favas!... Tentou
todavia uma garfada tímida – e de novo aqueles seus olhos, que o pessimismo
enevoara, luziram procura os meus. Outra larga garfada, concentrada, com uma
lentidão de frade que se regala. Depois um brado:
-Óptimo!... Ah, destas favas, sim! Ó que fava! Que delícia!
E por esta santa gula
louvava a serra, a arte perfeita das mulheres palreiras que em baixo remexiam
as panelas, o Melchior que presidia ao bródio…
- deste arroz com fava
nem em Paris, Melchior amigo!»
A Cidade e as Serras
Eça de Queiroz
Círculo de
Leitores, Lisboa, Setembro de 1984
Sacudi
violentamente Jacinto:
- Acorda, homem,
que estás na tua terra!
Ele desembrulhou
os pés do meu paletó, cofiou o bigode, e veio sem pressa, à vidraça que eu
abrira, conhecer a sua terra.
- Então é Portugal, hem? Cheira bem!
-Está claro que
cheira bem, animal!
A sineta
tilintou languidamente. E o comboio deslizou, com descanso, como se passeasse
para seu regalo sobre as duas fitas de aço, assobiando e gozando a beleza da
terra e do céu.
O meu Príncipe
alargava os braços, desolado:
- E nem uma camisa, nem uma escova, nem uma gota de água-de-colónia!... Entro em Portugal, imundo!
António
Costa, na sua vida dourada em Bruxelas, bafejado por toda aquela serenidade
monetária, tem que se entreter com algo, e escreveu que os Presidentes reeleitos não têm
ajudado à “estabilidade”.
Marcelo
não se revê na opinião.
A jornalista Liliana Borges, no Público aborda os factos:
«Num
regime parlamentar como o português, o Presidente da República deve ser
árbitro, não jogador. O recado é de António Costa que, no prefácio do livro Que
Presidente da República para Portugal? – Contra a Tentação Presidencialista,
do constitucionalista Vital Moreira, vinca que quem se senta em Belém deve
ter uma função “essencialmente moderadora” e ser o “garante do regular
funcionamento das instituições” — o que não tem acontecido, conclui. Marcelo
Rebelo de Sousa anotou os recados, mas não se reviu nas críticas, e defendeu
que a estabilidade “funcionou em momentos críticos”, insistindo que houve
“sintonia” entre Belém e São Bento durante “oito anos e meio”.»
Leitura
de um artigo de Liliana Borges no Público
A injustiça avança hoje
a passo firme;
Os tiranos fazem planos para dez mil anos.
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração;
isto é apenas o meu começo.
Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos.
Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nós
De quem depende que ela acabe? Também de nós
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.
Bertold Brecht
Agosto
de 1965.
O
meu pai chega a casa revelando que o Carvalho da Clássica Editora, antes da chegada da
PIDE para proibir o livro, conseguiu esconder alguns.
O
livro era A Revolução de 1383 de António Borges Coelho. Em 1964 já tinha
colocado «Fora do Mercado», também da autoria de António Borges Coelho um livro
editado pela Prelo: Raízes da Expansão Portuguesa.
Lê
e depois conversamos, disse-me.
Antóbio
Borges Coelho abre o livro com uma citação tirada do Emílio de Jean Jacques
Rousseau, seguindo-se uma homenagem a Fernão Lopes:
«Os
sublevados de 1383 ganharam a sua causa. Se a tivessem perdido, talvez
conhecêssemos tão só as maldições do poder.
Assim
todo o 1º e boa parte do 2º volumes da Crónica de D. João I são dedicados à
narrativa e exaltação da gesta revolucionária.»
Tenho que ir muito longe nas leituras para balizar a primeira vez que vi uma referência a Rio de Onor. Foi em A Revolução de 1383 de António Borges Coelho.
E hoje não consigo de adiantar os porquês do fascínio.
É
na Viagem a Portugal de José Saramago que volto a encontrar Rio Onor. Pelo meio
há um poema do Ruy Belo, mas só o li depois da Viagem de Saramago, pertence ao
livro A Nau dos Corvos e está na página 326 de Todos os Poemas de Ruy Belo:
O
GIRASSOL DE RIO DE ONOR
«Existe
juro um girassol em rio de onor
mais
importante por exemplo para mim que seja lá quem for
Eu
vi hoje na andaluzia o girassol de rio de onor
à
beira de uma estrada pouco antes de chegar a fernan nuñez
(Amigos
que passais em direcção a córdova ou aos cobres de lucena
dai-me
notícias desse girassol menos brilhante sol
mas
bem mais acessível pelo menos para nós que não temos raízes
mas
pomos o que temos sobre a terra)
Reconheci-o
logo embora há muitos anos o não visse
além
de o conhecer sabia ser ele natural de rio de onor
e
lá habitualmente residente
É
ele raios o partam disse idênticas as pétalas igual a cor
é
ele ó céus é ele sem tirar nem pôr
o
meu amigo girassol de rio de onor
(é
fácil ter na flor um verdadeiro amigo
se
o não sabíeis antes desde agora que o sabeis)
Era
mesmo era ele sem tirar nem pôr
o
girassol de rio de onor há tantos anos visto
Mas
nós os que lá fomos e por lá passámos
nós
é que já não somos quem lá fomos
e
muito menos nós que somos vivos menos os mesmos somos
que
tu ó meu amigo com as tuas
duas
pernas pendentes lá da ponte sobre o rio
pequena
ponte e diminuto rio
a
dois passos dos olhos tão redondos que solares
dessas
duas ou três quatro no máximo crianças
(meu
deus essas crianças onde é hoje o seu país?)
Viajo pela espanha mas é este julgo juro o girassol
pois
embora não esteja em Portugal
não
há ainda julgo plantas nacionais
e
além disso aquela terra é meio espanhola
Mas
nós que assim passamos pelos campos pelos dias
nós
que não temos nem nunca tivemos
coisa
pequena como uns palmos de país
pomos
tudo o que somos nestes seres que
passamos
e
nos fixamos só em certas fotografias que tiramos
Era
aquele julgo juro o girassol de há anos
mas
nós que como sombras por aqui passamos
porventura
seremos os que éramos há anos?
Qual
é ao certo o nosso verdadeiro país?
Lanço
a pergunta aos verdes campo outonais da andaluzia
mas
esta paisagem que tanto me diz
quem
sou isso é que ela nem ninguém mo diz»
Mas voltemos A José Saramago:
Mas o viajante reconhece que «Não está bem em si: Afinal chegou a Rio de Onor, tanto o quis e agora nem parece contente. Certas coisas que muito se desejam, não é raro que nos deixem perdidos quando as obtemos.»
Também se encontra confuso. De Rio de Onor, para além do livro comovedor de que atrás fala, Saramago não indica o nome do autor do livro e apenas guarda a generosidade de Daniel São
Romão e sua mulher que lhe deram pão e bagaço.
«Afinal
de contas, onde está a fronteira? Como se chama este país, aqui? Ainda é Portugal?
Já é Espanha? Ou é só Rio de Onor, e nada mais que isso?»
A
Rio de Onor chamaram um dia uma das aldeias Maravilhas de Portugal. Ao lado há uma
outra aldeia vizinha com o mesmo nome, mas em terras de Espanha. Contudo uma
placa lembra: "Mentalmente somos um
só povo.".
E de novo António Borges Coelho:, pág.36 de A Revolução de 1383: