terça-feira, 5 de maio de 2020

OLHAR AS CAPAS


Os Comeres dos Ganhões

Aníbal Falcato Alves
Prefácios: António Borges Coelho e Helder Pacheco
Capa: Armando Alves
Ilustração: Armando Alves
Fotografias: Aníbal Falcato Alves
Campo das Letras, Porto, Janeiro 1997

No tempo da fome, que foi o tempo do fascismo no Alentejo, a açorda era o alimento quase exclusivo dos trabalhadores alentejanos durante os meses de Inverno. No Verão, a açorda era substituída pelo gaspacho.
Claro que as açoradas comidas pelos trabalhadores não tinham os requintes do bacalhau, da pescada ou de qualquer outro acompanhamento. Mesmo o azeite não era empregado na devida quantidade.
À açorda assim comida, sem qualquer acompanhamento, chamava-se “açorda pelada”. Às outras, aquelas bem temperadas, só os senhores tinham acesso. Havia agrários que comiam o bacalhau nas suas açordas e, num gesto magnânimo, mandavam guardar as barbatanas para serem cozidas na água da açorda da malta. Devido a esta benemerência, de vez em quando, os trabalhadores lá a comiam com um gostinho a bacalhau.

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