Na sua primeira edição, em 1982, Memorial do Convento perdia
para Balada
da Praia dos Cães de José Cardoso Pires. Em 1984 Amadeo de
Mário Cláudio foi escolhido em vez de O Ano da Morte de Ricardo Reis. Dois anos
depois, Jangada de Pedra perdeu para Um Amor Feliz de
David Mourão Ferreira e em 1989 era a vez de História do Cerco de
Lisboa perder para Fora de Horas de Paulo Castilho.
De modo algum
estão em causa as obras que foram escolhidas, simplesmente o entusiasmo que os
leitores tinham para com as obras de José Saramago, não era acompanhado por uma
boa parte dos seus pares.
No dia 23 de Junho
de 1992 sabia-se que José Saramago, finalmente ganhava o Grande Prémio de Romance e
Novela com O Evangelho Segundo Jesus Cristo.
À quinta foi de
vez mas sem unanimidade do júri.
José Saramago
aceitou o prémio mas o dinheiro ia para os PALOP.
O escritor
explicou:
Vistas as circunstâncias – as recentes e as antigas -, e para não juntar o choque de uma recusa ao escândalo de uma exclusão, aceito este prémio sob condição de o seu valor ser usado na compra de autores portugueses contemporâneos a enviar aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) que estejam interessados em os receber.
Peço à APE, ao Pen Clube e à SPA o favor de se
encarregarem da selecção das obras e do seu encaminhamento…
Saramagueano que
sou, torno-me mais que suspeito na matéria, mas sempre adianto que, tanto com O
Memorial do Convento como com O Ano da Morte de Ricardo Reis, houve
tremenda injustiça., talvez alguma coisa mais, mas fiquemo-nos pela injustiça.
O editor
Francisco Vale recordou:
2 comentários:
Apenas tremenda injustiça?
Um júri que não consegue "ler" que está perante duas das maiores obras da língua portuguesa e da humanidade (O Memorial do Convento - o mais belo livro que li até hoje- e O ano da morte de Ricardo Reis - um livro fantástico-) então, penso eu, não me parece que seja só uma questão de injustiça.
Para mim, claro, José Saramago é o maior escritor português depois de Camões!
Fiquei-me pela injustiça.
Em gente morta não se deve bater muito. Corremos o risco de eles ressuscitarem!...
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